As vendas de veículos no Brasil já começam a computar números de recuperação após o impacto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na comercialização.
Levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) aponta que em julho foram vendidos 2.070 automóveis em Mato Grosso do Sul, aumento de 41,88% em relação ao mês de junho, quando foram comercializados 1.459.
São considerados os segmentos de automóveis comerciais leves, caminhões e ônibus. Na comparação com julho de 2019 houve queda de 15% na comercialização de veículos, quando foram registrados 2.448 emplacamentos.
Apesar da recuperação nos últimos meses, no acumulado do ano, considerando os sete primeiros meses de 2020, a retração na comercialização dos automóveis chega a 27,54%.
Entre janeiro e julho de 2019 foram vendidos 16.029 veículos no Estado, enquanto em 2020 o número chega a 11.615, de acordo com os dados da Fenabrave, que representa as concessionárias do País.
Por meio de nota, a Fenabrave-MS afirmou que a recuperação foi significativa e a expectativa é a de que os impactos para o segmento sejam menores do que os inicialmente esperados.
“O primeiro setor da economia a sofrer uma queda durante uma crise é o automotivo, mas também é o primeiro que se recupera. Com a recuperação gradual da economia começamos a ter um aquecimento das vendas. Em comparação com o ano passado ainda estamos abaixo, mas entre junho e julho tivemos um aumento bem significativo”, informou a Federação.
Fabricantes paralisaram a produção de automóveis ao redor do mundo por causa do coronavírus. Com a falta do produto no mercado, os revendedores também foram prejudicados.
“As montadoras estão voltando gradualmente à normalidade da produção. Alguns carros que são vendidos aqui são produzidos na Argentina, que também parou, e por isso houve falta de veículos no mercado. Com a retomada da produção e a economia que vem crescendo gradualmente, a gente acena para um crescimento até o fim do ano. Muito provavelmente não recuperaremos os números do ano passado, mas não terminaremos tão mal quanto a expectativa”, ressaltou a Fenabrave-MS.
As concessionárias de Mato Grosso do Sul já apontam uma recuperação nas vendas. De acordo com o gerente comercial da Fiat Enzo, Eduardo Bessa, o mercado está reagindo.
“Tivemos uma ascensão tanto no fluxo de clientes quanto nos fechamentos de negócios. Houve aumento do fluxo das vendas digitais também, mas o cliente continua vindo à loja. A pandemia atingiu o mercado como um todo, em todos os segmentos, até o começo do mês passado. Percebemos essa reação mais na segunda quinzena de julho”, informou.
Segundo o gerente da concessionária Honda Endocar Afonso Pena, Waldinei Lima, após uma queda na comercialização por causa da pandemia e das restrições de atendimento físico nas lojas, o cenário começa a melhorar.
“Sentimos desde o mês passado uma melhora no movimento e mais confiança do consumidor na superação da crise. Assim, em razão do clima de maior otimismo do consumidor, aliado à retomada da produção plena pela fábrica, acreditamos em uma recuperação dos volumes de venda com crescimento em torno de 10% ao mês neste segundo semestre”, destacou.
Para o diretor de negócios da Auto Master Ford, Eduardo Pinheiro, o agronegócio foi o maior responsável por manter as vendas no período.
“A gente enxerga movimentos diferentes para os tipos de veículos. Há uma demanda forte do setor agropecuário com a venda das picapes. Os carros médios, como os SUVs, também já apontam uma recuperação, mas os veículos de entrada [carros populares] ainda têm um movimento fraco. O agro não perdeu poder de compra, a classe média alta teve uma redução menor e o carro 1.0 sofreu mais – há uma dificuldade maior para aprovação de financiamento. E também não tinha produto: a Argentina parou de produzir e acabou gerando uma fila de espera. A retomada será gradativa, não dá para fazer uma leitura única do mercado ”, disse.
Nacional
Os dados divulgados ontem pela Fenabrave apontam que as vendas de veículos foram positivas no País, assim como no Estado. Considerando todos os segmentos somados, o crescimento foi de 43,61% em julho, na comparação com junho deste ano.
Foram emplacadas 279.103 unidades em julho contra 194.345 no mês anterior. Se comparado com julho de 2019 (349.408 unidades), a retração do setor foi de 20,12%.
No acumulado de janeiro a julho, foram 1.504.731 veículos emplacados, queda de 33,67% sobre o mesmo período de 2019, quando foram 2.268.385 unidades.
“Independentemente de termos tido dois dias úteis a mais em julho, podemos observar que o mercado vem gradativamente se ajustando e o índice de confiança começa a melhorar, principalmente quando vemos uma retração menor do que a esperada nos números de desemprego e melhores níveis de aprovação cadastral para financiamento de veículos”, destacou o presidente nacional da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr. Correio do Estado