Com a reabertura do comércio nos últimos meses de 2020 e o tradicional aquecimento das vendas para as datas comemorativas de fim de ano, os brasileiros aceleraram a expansão do consumo por meio de cartões, mesmo com a redução, pela metade, do valor do auxílio emergencial criado pelo governo no início da pandemia É o que aponta balanço divulgado nesta terça-feira, 9, pela Abecs, associação que representa as empresas de cartões.
No quarto trimestre do ano passado, as compras feitas com qualquer tipo de cartão – débito, crédito ou pré-pago – somaram R$ 626,3 bilhões, em conta que inclui os gastos feitos com recursos do auxílio. O montante representa aumento de 18,5% em relação a igual período do ano anterior. A taxa de crescimento é maior que a verificada no terceiro trimestre, quando as transações com cartão subiram 16,7% em relação ao volume do mesmo intervalo de 2019.
O aumento do ritmo de expansão ocorre apesar de o governo ter reduzido, em setembro, o valor mensal do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300. Com isso, as transações feitas no cartão com recursos do benefício caíram de R$ 31,9 bilhões no terceiro trimestre para R$ 16,7 bilhões nos últimos três meses de 2020, sem evitar, contudo, que as compras totais diminuíssem o ritmo de alta.
O movimento não ocorreu por causa da expansão do cartão de crédito. Enquanto o cartão de débito, afetado diretamente pelo auxílio, viu as transações desacelerarem o ritmo de crescimento de 41,1% no terceiro trimestre para 33,1% no quarto trimestre, o cartão de crédito multiplicou o avanço por seis. Depois de crescer 1,1% no terceiro trimestre, teve alta de 6,8% no quarto
De qualquer forma, a indústria de pagamentos acredita que seria importante o governo retomar o benefício, mesmo que com um valor menor, de R$ 200, como tem sido discutido em Brasília. “Fazendo uma conta de regra de três, esse auxílio de R$ 200 poderia trazer um volume de R$ 10 bilhões a R$ 13 bilhões para as transações. É representativo”, afirma o presidente da Abecs, Pedro Coutinho.
Pix
Questionado sobre a adesão de estabelecimentos comerciais ao uso do Pix nas maquininhas, Coutinho disse ainda que os comércios ainda precisam passar por um processo de amadurecimento para explorar o novo meio de pagamento. Ele lembrou que o Pix, lançado em novembro, tem sido mais usado por pessoas físicas para transferências entre contas, mas afirma que 80% das maquininhas já contam a possibilidade de aceitar transações com Pix. “Até o fim do primeiro trimestre, devemos ter todos os meios de captura prontos e preparados para receber Pix”, prevê. Midiamax