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João Girotto
João Girotto reassume hoje o programa Rotativa no Ar, na Rádio Patriarca, às 11 horas e o Cassilândia Notícias retirou de seus arquivos uma crônica do Corino Alvarenga de 2009. Vamos a ela:
A gargalhada do Girotto
(Girotto, se não for censurada pelo autor das gargalhadas, aí vai a crônica. Ah, ah, ah! Corino)
Girotto é mais do que um advogado ou radialista de renome no nosso querido Mato Grosso do Sul. O advogado, que virou depois radialista e dos bons, nasceu em Magda, no interior de São Paulo, e, graças a Deus, está emprestado até hoje a Cassilândia e, por sinal, esse empréstimo acredito que não terá o seu prazo de validade expirado jamais.
Girotto é fundamental para Cassilândia. Ele veio para suprir a ausência de cassilandenses fujões como este cronista que vos escreve aqui diariamento. Outro que deu no pé foi Edgard Batista Neves, que está em Campo Grande. E tantos outros cassilandenses que deixaram a terrinha à procura não sei bem do quê.
Eu mesmo já me penitenciei. Fazer o quê? Já fiz e está feito.
Girotto, não. Está aí em Cassilândia, firme, fincando raiz, pondo a estaca chão adentro, batendo lata todos os dias. Tem gente nascendo e ele aí, no portal cassilandianews, batendo lata. Tem gente morrendo e ele aí, nos microfones da Patriarca, batendo lata.
Mas a marca maior do radialista Girotto é essa garagalhada que sai natural, sonora, há décadas. Pela Patriarca, essa famosa gargalhada completou já vinte e dois anos.
É uma gargalha que chegou à Bahia de Todos os Santos, a São Paulo, a Goiás, ao Paraná, ao Rio Grande do Sul e ao mundo inteiro pela Patriarca via internet.
Já é uma marca registrada. Se Girotto não a soltou naquele dia, então alguma coisa está errada. O dólar vai disparar, algum acidente aconteceu, alguém importante morreu na cidade ou em Mato Grosso do Sul ou no Brasil ou no planeta. Ou ainda mais profeticamente: algum avião irá cair.
Notícia ruim corrupção, seqüestro, morte ou tráfico de drogas -, tome indignação.
Notícia boa nascimento, renascimento, alguém fez uma coisa boa ou deixou de fazer uma coisa ruim, diploma novo na praça, moça nova que casa ou moça velha que casa -, tome gargalhada.
Esse sobrenome Girotto, por sinal, nunca me enganou. Tem coisa de italiano pelo meio. E essa gargalha, meu amigo, é italiana todinha. Tem aquela aquela sonoridade latina do Bixiga, em que de cada corredor aparecem uns duzentos bambinos, correndo, gritando, dando gargalhadas.
E lá tem aquelas mulheres falantes e risonhas, umas reclamando da vida com frases do tipo:
– Porca pipa! Ma que porca miséria, maledetta!
E a outra italiana, talvez estendendo roupa no varal que toma conta do bairro que tem o cheiro de cortiço à paulicéia, dá aquela gargalhada sonora:
– Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Pronto: é a gargalhada do Girotto.
O mundo, fiel leitor, precisa de pessoas que dêem essas gargalhadas. A vida está tão difícil, a luta tão renhida, o salário tão baixo e as autoridades tão surdas. Se não tiver alguém para gritar ou para dar boas gargalhadas, nada irá mudar.
De vez em quando, bater na mesa, rosnar alto e até berrar mesmo para dizer aos homens do colarinho branco:
– Olha, galera, nós existimos, nós estamos aqui e nós precisamos e exigimos os nossos direitos. Gente, acorda!
Acorda, gente!
E depois, como sorrir não paga imposto, tome gargalhada:
– Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Girotto, repito: sorria, grande, meu grande índio! Dar uma boa gargalhada não paga imposto. Pelo menos por enquanto.
Corino Rodrigues de Alvarenga
Cassilândia Notícias