Supostas candidatas laranjas receberam R$ 911 mil

Gilsy Arce recebeu mais de R$ 700 mil de recursos públicos e obteve 491 votos nas eleições – Foto: Reprodução/Facebook

Mato Grosso do Sul tem duas potenciais “laranjas” que levaram mais de R$ 900 mil para concorrer a deputada estadual pelo Pros e PRB e obtiveram votação pífia nas urnas das eleições de 2018. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, na edição de sexta-feira (15). As candidatas sul-matogrossenses citadas pelo jornal foram Gilsy Arce (PRB) e Tatiane da Mateira (Pros). Gilsy recebeu R$ 761.589,5 de recursos públicos para financiar a campanha eleitoral. 

Com esse dinheiro, Gilsy recebeu 491 votos para deputada estadual. Se for calcular quanto custaria cada voto, daria R$ 1.551,099.

A outra potencial “laranja” apontada pela Folha de S.Paulo é Tatiane da Mateira. Ela recebeu R$ 150 mil para sua campanha de deputada estadual. Cada voto, custou R$ 1.562,50. Isso não significa que as duas candidatas compraram votos. A ideia é apenas mostrar o valor pago pelo contribuinte para as candidatas conquistarem votação inexpressiva nas urnas.

De acordo com o jornal, os potenciais laranjas das eleições de 2018 levaram R$ 15 milhões de recursos públicos de 14 partidos. São 53 candidatos, sendo 49 mulheres e 4 homens, suspeitos de serem laranjas.
O PROS, partido de Tatiane da Mateira, é suspeito de financiar 12 candidatos de fachada, enquanto o PRB de Gilsy Arce teria lançado 9 candidatos.

Questionado pelo Correio do Estado se conhecia Gilsy Arce, o deputado estadual Antônio Vaz (PRB) respondeu: “Não conheço, não!”. Após a reportagem explicar do que se tratava, Vaz mudou de versão e disse conhecer Gilsy. “Conheço sim, ela é daqui da Capital e teve 400 mil votos”, afirmou. Segundo a Folha de S.Paulo, ela recebeu 491 votos.

O deputado não sabia da reportagem da Folha apontando Gilsy como candidata laranja em Mato Grosso do Sul. “Isso não é possível, ela teve votos”, rebateu. “Ela existe, sim. É só entrar na página do Facebook que tem o perfil dela”, explicou.

Ninguém do PROS foi encontrado para falar sobre a outra candidata de Mato Grosso do Sul suspeita de ser laranja, Tatiane da Mateira.

A Folha de S.Paulo revelou casos de outros estados, como a candidata a deputada estadual pelo Acre, Sônia de Fátima Silva Alves (DEM). Ela foi classificada como fenômeno às avessas. Sônia recebeu R$ 279,6 mil para fazer campanha, contratou 72 fornecedores e saiu das urnas com seis votos.

Assim como Sônia, Gilsy e Tatiane, outros candidatos com votações pífias nas eleições de outubro de 2018 receberam ao menos R$ 15 milhões em dinheiro público dos fundos partidário e eleitoral.

A Folha de S.Paulo cruzou os dados da Justiça Eleitoral e descobriu 53 candidatos que receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas, mas saíram das urnas com menos de mil votos. Eles pertencem a 14 diferentes partidos, mas o predomínio é do PROS, PRB, PR, PSD e MDB.

De acordo com o jornal, dos 53 candidatos, 49 eram mulheres – o que reforça a suspeita de que sejam apenas laranjas, como os casos revelados pela Folha nos últimos dias envolvendo o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Isso porque a Lei Eleitoral determina a distribuição de, pelo menos, 30% dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral para financiamento de candidaturas femininas. Os partidos usam de manobras para atingir a cota com a criação de postulantes de fachada.

Esses casos são semelhantes ao de Maria de Lourdes Paixão, secretária administrativa do PSL de Pernambuco, que recebeu R$ 400 mil para a campanha, mas teve apenas 273 votos, conforme mostrado pela Folha de S.Paulo.

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