Deputados estaduais dizem que livro infantil induz ao suicídio

Polêmica sobre a obra O Menino que Espiava pra Dentro chega à Assembleia Legislativa

Os deputados estaduais Dr. Paulo Siufi (MDB), Herculano Borges (SD) e Professor Rinaldo (PSDB) comentaram, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (26), o livro O Menino que Espiava pra Dentro (Global Editora), da escritora Ana Maria Machado, que consideram perigoso para as crianças. Na avaliação de Dr. Siufi, que foi à tribuna da Casa de Leis fazer o alerta, a obra é “vergonhosa” e incita meninos e meninas ao suicídio. Ele leu trecho do livro em que Lucas, um menino sonhador, come a “maçã do sono profundo”.
“O livro induz claramente a criança a se suicidar. Onde estamos? Onde estão os valores da família? Cadê o Ministério Público, especialmente neste Setembro Amarelo? O nosso Estado lidera as estatísticas de suicídios de jovens”, afirmou o deputado, que também é pediatra. Segundo ele, o livro tem escandalizado os pais e deve ser abolido das instituições de ensino.

Já Herculano Borges qualificou a obra como “absurdo”. “Alguns chamados educadores perdem tempo com esse tipo de coisa ou ensinando ideologia de gênero e inteferindo nas atribuições da família. Estão formando na mente das nossas crianças a ideação suicida”, disse. Professor Rinaldo defendeu que o Poder Legislativo, em âmbitos municipais e estadual, atue de forma mais ostensiva para evitar abusos.

“Devemos defender a vida de forma intransigente”, reiterou. Para ele, as estatísticas demonstram o “caos” atual. “Em 2016, aconteceu um suicídio a cada 48 horas em Campo Grande e, atualmente, Mato Grosso do Sul somente perde para o Rio Grande do Sul, proporcionamente, em casos de suicídio.

Isso é um reflexo da desestruturação da família e da sociedade”, analisou.  No último dia 6 de setembro, a escritora Ana Maria Machado concedeu entrevista ao O Globo e comentou a polêmica envolvendo o livro, publicado pela primeira vez há 35 anos.

“Estou chocada! Foi como se uma bigorna caísse na minha cabeça”, disse. “Até peguei o livro para reler, pensando que pudesse ter alguma frase infeliz. Mas que nada.

É apenas a história de um menino cheio de imaginação que precisava de um amigo, e acaba ganhando um cachorro”, explicou a escritora, que é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2003.

A Global Editora também emitiu nota em apoio à Ana Maria: “Esclarecemos que as referências à maçã e ao fuso são alusões às histórias da Branca de Neve ou da Bela Adormecida e constituem parte integrante do universo da história, sustentando o argumento de que imaginar pode ser muito bom, mas a realidade externa se impõe.

Conversar com os outros (como a mãe) é fundamental, e a afetividade que nos faz felizes está ligada a seres vivos e reais”. (As informações são da assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa) Diário Digital

 

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