Ameaças de morte e vandalismo em obra de arte deixam UFMS em alerta

Segundo informações apuradas pela reportagem do Jornal Midiamax, os seguranças receberam uma foto do jovem e estão em alerta em todos os portões da faculdade, principalmente no bloco onde o acadêmico frequenta as aulas. Os pais do acadêmico, que moram fora, já teriam sido alertados e estariam a caminho da Capital.

A sensação de pânico é amplificada quando as informações sobre a ameaça são publicadas em redes sociais. “Cuidado você que está vindo para a UFMS, tem um aluno em surto armado dizendo que está disposto a matar. Agora de manhã”, publicou uma acadêmica nas redes sociais.

Em grupos de WhatsApp, a informação também circula e já causa muita preocupação, principalmente entre as mulheres. “O cara anda armado, fala em estupro e morte, os professores foram acionados que o caso é grave. Meninas, meninos, tomem cuidado”, alertou outra acadêmica.

Jornal Midiamax apurou que o acadêmico seria quem fez as intervenções de cunho religioso e vandalizou uma obra de arte que criticava o machismo, situada no Corredor Central da universidade.

Esta não seria a primeira vez que o acadêmico teria mostrado intolerância. “Ele destruiu tudo de artes, umas exposições que tinha, colocou fotos de pessoas mortas e espalhou, ameaçou os professores de morte”, relata o áudio que circula em grupos nas redes sociais.

Em nota, a universidade comunicou que está apurando as informações a respeito do vandalismo na obra artística e as imagens coletadas em câmeras de segurança. “A Reitoria já acionou a Polícia Federal para investigar o ocorrido e as responsabilidades. O ambiente da Cidade Universitária é monitorado por meio de câmeras e serviço de vigilância, e as atividades de ensino, pesquisa e extensão estão sendo realizadas normalmente”, informou.

Após insistência da reportagem, a UFMS negou que haja um aluno com porte de arma ou informações a respeito de ameaças a professores. A universidade também ressaltou que preza pelo pluralismo de ideias e diversidade de opiniões, mas é contrária a manifestações de ódio e de intolerância, de qualquer natureza.

“A Administração Central determinou imediata instauração de Sindicância para apuração dos fatos na FAALC (Faculdade de Letras, Artes e Comunicação)”, complementou.

Vandalismo em obra de arte

A obra ‘Dentro e Fora’ ainda estava em processo de construção quando foi depredada. (Foto do Leitor)

Com o objetivo de fazer uma crítica social à sociedade machista, a obra ‘Dentro e Fora’ era composta por uma casa de madeira, onde haviam objetos cor de rosa no interior, que representavam a vida doméstica da mulher. Já do lado de fora, os brinquedos azuis, como carrinhos, bonecos, ferramentas, representavam o papel do homem. A obra buscava causar reflexão sobre os papéis de gênero, mas acabou sendo vandalizada.

No interior da casa, alguns objetos foram queimados e havia uma pedra, supostamente usada para destruir os brinquedos. Já os objetos azuis, que estavam colados do lado de fora, foram todos arrancados e jogados na lixeira do banheiro da universidade. Além da depredação da obra, a casa recebeu uma ‘intervenção’ com trechos da bíblia, símbolos religiosos, uma foto do jornalista Carlos Lacerda morto e frases em latim.

Seja pela curiosidade ou pelo choque, vandalismo chama a atenção dos alunos que passam pelo corredor da UFMS. (Foto: Marcos Ermínio)

Uma aluna do curso de Artes, que não quis se identificar, explicou que as ‘intervenções’ foram um ato de vandalismo e que os alunos irão retirar, para continuar a obra, que ainda estava em processo de construção. “É uma obra que critica o machismo, imaginamos que fosse criar uma reação, que poderia ter intervenções positivas e negativas, e isso seria permitido. Mas, uma depredação como essa, com foto de uma pessoa morta, não podemos tolerar”, afirma.

Alunas do curso de pedagogia se reuniram em torno da obra para discutir o significado dos símbolos e dos trechos religiosos. Para elas, o ato parece ser sido motivado pelo ódio. “Tinha uma plaquinha escrito ‘Ele não’, talvez isso tenha motivado uma revolta e a pessoa tenha decidido destruir tudo e escrever estas coisas”, conta Bruna Valle, de 22 anos.

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