‘Minha vida foi roubada’: mulher é induzida pela mãe a acreditar por anos em um ‘mundo estranho’

Pauline Dakin escreveu um livro sobre sua experiência com o transtorno delirante (Foto: Penguin/Divulgação)

Pauline Dakin escreveu um livro sobre sua experiência com o transtorno delirante (Foto: Penguin/Divulgação)

Havia algo estranho na família de Pauline Dakin.

“Meu irmão e eu dizíamos: ‘O que você acha que está errado com a nossa família? Por que somos tão esquisitos?’ Mas esse mistério nunca era respondido.”

Os pais de Pauline, Warren e Ruth, haviam se separado quando ela tinha 5 anos, logo antes de ela começar a ir para a escola. Warren, um empresário de sucesso, bebia muito e ficava violento. Em determinado momento, Ruth não aguentou mais.

Quando Pauline tinha sete anos, ela levou as duas crianças para passar as férias na cidade canadense de Winnipeg, a mais de 1.600 km de Vancouver, onde a família morava.

Chegando lá, Ruth disse aos filhos que não voltariam mais para a antiga casa.

“Não conseguimos dizer adeus (para as pessoas em Vancouver). Foi um rompimento abrupto dos relacionamentos”, relembra.

Quando ela perguntava a sua mãe por que tinha feito isso, nunca recebia uma explicação convincente. “Ela só dizia: ‘Sinto muito, não posso te dizer. Quando você for mais velha eu conto’.”

O mesmo aconteceu quatro anos depois – dessa vez, a família se mudou para New Brunswick, na costa leste do Canadá.

Apesar disso, a vida era normal para a família de Pauline – eles recomeçavam e construíam uma nova vida em uma nova cidade. Mas, por dentro, a garota se sentia confusa, ansiosa e em depressão.

“Eu sabia que algo ruim estava acontecendo. Não sabia o que era, mas sempre senti que havia algo terrível que não estava sendo dito”, afirma.

Warren, Ruth, Teddy and Pauline, por volta de 1969, antes da separação do casal (Foto: Arquivo pessoal)

Warren, Ruth, Teddy and Pauline, por volta de 1969, antes da separação do casal (Foto: Arquivo pessoal)

Suspeitas

Aos 11 anos de idade, Pauline já tinha frequentado seis escolas diferentes desde que perdera o contato com o pai.

E outro homem havia entrado na vida da família, um pastor evangélico chamado Stan Sears.

A mãe de Pauline tinha conhecido Stan em um grupo de apoio para famílias de alcoólatras – ele era um dos orientadores psicológicos, e ela o procurou quando enfrentava dificuldades com o alcoolismo de Warren e se preparava para deixá-lo.

Mas nas duas vezes em que a família de Pauline se mudou de repente, Stan coincidentemente se mudou para os mesmos lugares que eles.

“O que eu sabia era que independentemente do que estivesse acontecendo, Stan também estava envolvido”, diz Pauline.

Quando chegaram a New Brunswick, eles fincaram raízes. Em 1988, quando Pauline tinha 23 anos, ela havia se formado e trabalhava no jornal da cidade de Saint John, até que sua mãe telefonou com uma proposta inesperada.

“Ela disse: ‘Agora estou pronta para explicar todas as coisas estranhas que aconteceram na sua vida’.”

A família criou raízes na terceira cidade para onde mudou – mas as crianças deixaram para trás parentes e amigos sem se despedir (Foto: Arquivo pessoal)

A família criou raízes na terceira cidade para onde mudou – mas as crianças deixaram para trás parentes e amigos sem se despedir (Foto: Arquivo pessoal)

‘Coloque suas joias no envelope’

As duas mulheres combinaram de se encontrar diante de um motel no meio do caminho entre as cidades em que estavam vivendo. Quando chegou lá, Ruth colocou um bilhete e um envelope vazio nas mãos de Pauline.

O bilhete dizia: “Não diga nada. Tire suas joias e as coloque no envelope. Eu vou explicar, mas não diga nada.”

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