“Desafios para Formação Educacional de Surdos”. Este foi o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017 que, pegou muitos candidatos de surpresa. Entrevistados pelo Correio do Estado, em Campo Grande, esperavam assuntos relacionados com o cenário de instabilidade política ou até mesmo a censura de manifestações artísticas. Porém, apesar de inesperado, o tema surpreendeu de forma positiva.
Dalbert de Oliveira, de 19 anos, fez o exame na Uniderp da Avenida Ceará, com objetivo de tentar vaga para o curso de medicina. Para ele, o tema foi pertinente, justamente porque era algo que precisava ser discutido.
“Durante a escola tive três colegas que eram surdos, e sei das dificuldades que passaram”, explicou o jovem. “A gente esperava política, ou polêmicas envolvendo a arte, mas levantar a questão de acessibilidade foi importante”.
Por sua vez, Louis Aparecida, 18, considerou o tema relativamente fácil, por conviver com a irmã, que é surda. Ela acredita que a experiência pessoal auxiliou na construção de uma boa argumentação do texto. “Meu irmão fez curso de linguagem de sinais e eu usava os livros dele para aprender. Então posso dizer que tinha intimidade com o tema da redação, embora esperasse outra coisa”, disse a jovem que sonha ser psicóloga.
HORÁRIO
Apesar do Enem, o Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte público manteve o itinerário de linhas disponíveis para os finais de semana. Por este motivo, muitos candidatos tiveram que sair bem cedo.
Larissa Alessandra, de 19 anos, moradora na região do Nova Bahia, saiu de casa às 10 horas e conseguiu chegar a tempo. Segundo ela, o circular leva pelo menos 1h30 e meia para passar em determinada região do bairro. “Tive sorte de encontrar uma linha expressa que veio praticamente direto”, disse.
CONSTRANGIMENTO
Uma estudante de 15 anos afirmou ter sido constrangida pelos fiscais de prova da Anhanguera da Avenida Gury Marques. A jovem entrou na sala com uma cópia autenticada em cartório da carteira de identidade, mas ao receber a prova, foi barrada e obrigada a deixar a sala de aula. Ela sabia que o edital permitia apenas o uso de documento original com foto, mas acreditou que, por ter feito com a cópia no ano passado em outra unidade, também não teria problemas desta vez.
A mãe dela relatou à reportagem que sabia do risco, mas que o maior problema não foi o fato de a filha ter perdido a prova, mas sim a maneira como a adolescente foi tratada. Até porque só foi informada de que não poderia depois que já estava com a prova nas mãos. Obrigada a se retirar, a jovem não pôde ao menos pedir para a mãe entregar o documento original, já que ela morava muito perto do local. Além disso, reclamou da truculência dos fiscais que só deixaram ela abrir a própria bolsa do lado de fora dos portões. Correio do Estado