
Maior fábrica de celulose do mundo está sendo construída próximo ao Sucuriú, no município de Inocência, na região leste de MS
Em um projeto com números astronômicos no município de Inocência, onde cerca de R$ 25 bilhões estão sendo destinados à construção de uma fábrica de celulose, a empresa chilena Arauco prevê investimentos de R$ 11,5 milhões somente para instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em um de seus alojamentos para trabalhadores.
Conforme as previsões da empresa, o investimento nestes alojamentos, que no pico das obras abrigarão até 14 mil trabalhadores, serão da ordem de R$ 282 milhões. E esta estação de tratamento de esgoto será para atender somente um deles, o Bocaiúva, que terá em torno de 1,5 mil vagas.
Para conseguir a autorização para a obra da ETE, conforme publicação do diário oficial do Estado desta quarta-feira (17), a Arauco se comprometeu a destinar R$ 47.265,00 ( 0,411% do total da obra) ao Governo do Estado a título de compensação ambiental por conta dos impactos causados pela estação de tratamento de esgoto.
E neste valor (R$ 11,5 milhões) não estão incluídos os investimentos que serão feitos na estação de tratamento da fábrica, onde haverá consumo médio diário de 250 milhões de litros de água, ou 91 bilhões de litros ao longo de um ano.
O consumo de água da indústria praticamente equivale ao volume distribuído pela Águas Guariroba aos cerca de 900 mil de habitantes de Campo Grande, que é da ordem de 280 milhões de litros diários. Segundo a empresa, 90% da água que é captado volta para o rio depois de ser tratada..
A previsão é de que os alojamentos, com capacidade superior a 1,5 mil vagas cada um, sejam construídos a cerca de dez quilômetros da área urbana de Inocência e a 40 quilômetros do local onde está sendo instalada a fábrica, às marges da MS-377 e do Rio Sucuriú.
Atualmente já existe uma série de alojamentos para os trabalhadores, mas próximo da área urbana. É nestes locais que está a maior parte dos operários que já estão atuando naquela que será a maior fábrica de celulose do mundo, com capacidade para 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano.
No pico das obras, conforme a previsão da multinacional, serão até 14 mil pessoas trabalhando na região e por conta disso estes alojamentos vão virar pequenas cidades erguidas no meio da área rural. Eles terão de ser equipadas com redes de água, energia e uma série de outras benfeitorias.
Além disso, a previsão é de que na área dos alojamentos sejam construídos espaços para lazer e cada ala de alojamentos contará com um pronto atendimento médico. Os casos graves de saúde serão encaminhados para um hospital que está previsto para ser construído no canteiro de obras.
Além disso, a direção da Arauco informou que os trabalhadores terão acesso a planos de saúde suplementar e transporte de emergência, com ambulâncias da própria empresa, para hospitais particulares fora da região, se necessário.
A previsão é de que a fábrica, que demandará investimentos de US$ 4,6 bilhões, entre em operação no segundo semestre de 2027. Para ter matéria-prima, cerca de 400 mil hectares de eucaliptos já foram ou serão plantados no entorno.
Além de celulose, a previsão é de que o Projeto Sucuriú, que ficará às margens do rio como mesmo nome, gere 400 megavats de energia. A metade será consumida pela própria fábrica e o restante será vendido, sendo suficiente para abastecer uma cidade com até 800 mil habitantes.
Conforme a previsão inicial, toda a celulose será despachada por um ramal ferroviário de 47 quilômetros que a empresa pretende construir entre a fábrica e Ferronorte, que corta Inocência na região norte do município.
ESTADO DA CELULOSE
Em Mato Grosso do Sul já estão em funcionamento outras três grandes fábricas de Celulose, sendo duas em Três Lagoas e uma em Ribas do Rio Pardo. A primeira, da Suzano, funciona desde 2009. A segunda, do grupo J&F, entrou em operação em 2012. A terceira funciona desde julho de 2024, em Ribas do Rio Pardo.
E, além da unidade de Inocência, existe previsão para construção de uma quinta fábrica em Mato Grosso do Sul, em Bataguassu, num projeto da Bracell que prevê investimentos da ordem de R$ 16 bilhões. As obras devem começar em fevereiro do próximo ano.
Correio do Estado