Cassilândia Recordar é Viver: Justino Marciano, da Mercearia Goiana, mantém memória viva dos antigos armazéns

Justino Marciano e a Mercearia Goiana: Tradição e memória  / Fotos: Cassilândia Urgente

Você vai conhecer agora a história de um estabelecimento comercial existente em Cassilândia que seguramente não tem wi-fi ou maquininhas de cartão de crédito. Em compensação, você poderá ter uma boa prosa com o seu proprietário, um simpático comerciante à moda antiga.

O goiano do Aporé, Justino Marciano Filho, de 75 anos, está há mais de 40 anos com a Mercearia Goiana, ali na Rua Antônio Paulino, 1200, na antiga saída para Goiás, e proporciona aos seus fiéis clientes a oportunidade de entrar numa espécie de túnel do tempo e retornar ao período romântico dos antigos armazéns de secos e molhados, vendendo ainda alimentos a granel e pesando em balança que data do século passado.
Nestes tempos de “modernidade”, em que as pessoas passam a maior parte do tempo viajando pela rede mundial, ir à Mercearia Goiana é uma boa chance para ter uma boa conversa com gente simples, sistemática e original, cujo olhar vale mais do que mil palavras ao vento.

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Balança antiga e alimentos a granel
Assim é o senhor Justino Marciano que toca o comércio ao lado de sua fiel companheira Iracy Leonel – que lhe deu os filhos Paulino, da Condor Vídeo, e Sérgio – pesando numa balança de ponteiro e peso, daquelas antigas, alimentos a granel guardados em espécie de tuias bem cuidadas como eram comuns nos empórios e armazéns de séculos passados.
Sério, os alimentos são bem pesados, nem gramas a mais, nem gramas a menos. O cliente Anivaldo Rodrigues Farias que o diga.
Na tarde desta sexta-feira, 17, ele esteve lá para comprar quirela de milho para seus pintinhos de quintal. “Eu compro aqui desde criança, já faz uns 40 anos, gosto do atendimento daqui, porque a gente é tratado como sendo da família”, contou ele.

Pote d’água que não cai
Há um pote de água para os clientes beberem colocado sobre uma base um tanto inclinada. Seu Justino brinca, dizendo que tem cliente que chega ali e diz que o pote vai cair. E ele sempre sai com a mesma resposta: “Não cai, não. Já está aí há 40 anos. Se não caiu até hoje, não vai cair mais.”
Ele faz questão de lembrar que a água é trocada regularmente para evitar contaminação e para garantir, assim, a boa qualidade do líquido para os seus tantos e fiéis clientes.

O pai foi roceiro
Justino Marciano puxa da memória recordações do saudoso pai, João Marciano Justino, que era meeiro de roças de café, milho, arroz, feijão e outras culturas agrícolas, trabalhando em fazendas para ganhar o sustento da família em remotos temos no sertão goiano.
Lá pelo ano de 1969 o jovem Justino Marciano cruzou o Rio Aporé e no ano de 1977 abriu as portas da Mercearia Goiana, apostando na jovem Cassilândia, ali bem perto da ponte que dá acesso a Goiás.
Uma grande tristeza que teve foi a morte do pai em 1962, dor que superou graças ao bom-humor e à vitalidade que carrega até hoje.

A interdição da ponte
Ele lembra dos tempos que tinha o seu velho fusca que ficava estacionado em frente a mercearia nos tempos que Cassilândia tinha poucas ruas asfaltadas e muita poeira a enfrentar pelo caminho.
Justino tem a mesma opinião que a maioria dos moradores daquelas imediações da saída para Goiás. É que há cerca de uma década e meia a ponte foi fechada, mudando a saída de Goiás para a Avenida Juracy Lucas, o que tirou boa parte do movimento por ali e forçou várias casas comerciais a fecharem as suas portas. O antigo ponto de ônibus não existe mais, no entanto o seu comércio permanece.
Mesmo com a queda do movimento devido ao fechamento da ponte, Justino se mantém ali vivo, com sua Mercearia Goiana funcionando, como se fosse o último dos moicanos, o derradeiro resistente.

Tempos da venda na caderneta
Vale a pena ter um pouquinho de prosa com seu Justino, o goiano que apostou em Cassilândia e mantém viva a tradição dos antigos armazéns, dos tempos que se comprava e marcava na caderneta.
Mas até lá os tempos da caderneta ficaram para trás. “Faz uns dez anos que parei de vender na caderneta porque o fiado cresceu e muitos clientes não pagavam”, conta ele, finalizando: “Então, antes de quebrar, dei um basta na venda fiado de caderneta. Agora só no dinheiro.”
E, se Justino falou, é bom acreditar. O homem tem a cara da verdade e da tradição. Da reportagem local e redação

Este pode d’água está no mesmo lugar há uns 40 anos

Nas prateleiras refrigerantes e a tradicional pinga goiana

Justino Marciano e a tradicional Mercearia Goiana: Memória viva

O inseparável rádio para ouvir as notícias

O fiel cliente Anivaldo e a ração pesada na antiga balança

Pesar alimentos a granel na velha balança faz parte do dia-dia-dia

O cliente Anivaldo também ajuda o amigo

Cliente compra pão, um produto tradicional ali na Mercearia Goiana

Crianças também fazem suas compras diárias

Seu Justino e o velho fusca já saíram até em reportagem de revista sobre resgate histórico

Os mais variados produtos e utensílios domésticos são encontrados na venda do seu Justino

De tudo um pouco o cliente encontra

Cartazes de artistas do passado como Meninos de Goiás enfeitam a parede da mercearia

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