Algodão é uma das commodities mais afetadas pela pandemia

Algodão é uma das commodities mais afetadas pela pandemia

Algodão é uma das commodities mais afetadas pela pandemia

Dentre as commodities agrícolas, o algodão é uma das que tem sido mais afetadas pelos efeitos da pandemia. O cenário de quase paralisação da atividade industrial em grande parte do mundo – diante das medidas de contenção da covid-19 – atrelado às incertezas sobre a renda da população tem impactado fortemente a demanda global pela pluma.

Soma-se a isso o colapso da cotação do petróleo, que caiu quase 45% desde o início de março (WTI), o que torna a fibra sintética mais competitiva e, por consequência, também influencia negativamente as cotações da fibra natural.

Como resultado desse cenário mais desafiador, na última 3ª feira, 12 de maio, o USDA publicou mais um relatório de oferta & demanda global para o produto em que trouxe um aumento dos estoques de passagem na safra 19/20, a reboque da revisão para baixo do consumo de algodão.

Entretanto, para a safra 20/21 o órgão norte-americano prevê uma recuperação da demanda global de 11% frente ao ano anterior, o que combinado com a queda da produção deve causar uma redução da relação estoque/uso, e, assim, abrir espaço para algum aumento de preços.

De fato, a curva futura – também ajudada pela leve recuperação do petróleo nas últimas semanas e pelo anúncio de novas compras chinesas – parece já ter incorporado essa sinalização mais positiva do mercado no próximo ano. As cotações para dez/21, por exemplo, saíram das mínimas de cUSD 54/lp no início de abril para os atuais cUSD 58/lp, + 7,5% no período

Assim, uma das questões que pairam no ar é se a recuperação do consumo ocorrerá na velocidade esperada, pois caso ela seja mais lenta os preços futuros poderão voltar a perder força. Ao olhar o passado, é possível observar que após a recessão de 2009, que levou à uma queda de 11% no consumo do algodão, a recuperação da economia global de 5,4% foi a mola para o salto de 8,3% da demanda da pluma. Entretanto, à época, além do empurrão do aumento de renda no mundo, os preços do petróleo (brent) saíram da casa dos USD 46/bbl no final de 2008 para USD 77/bbl no fim de 2009.

E para 2021, o que podemos esperar? A perspectiva aponta para uma volta do crescimento do PIB global (+5,9%) assumindo que a pandemia será controlada ao longo do 2º semestre e que os impactos causados na economia pela Covid-19 serão minimizados pela adoção de políticas fiscais expansionistas no mundo. No entanto, as incertezas sobre essas variáveis ainda são presentes e, portanto, não se pode descartar a hipótese de que esse crescimento seja revisado para baixo posteriormente.

Em relação ao petróleo, os preços para 2021 atualmente negociados em bolsa indicam patamares ao redor de USD 36/bbl, o que sugere que as fibras sintéticas tendem a seguir competitivas no próximo ano. Diante desse cenário, embora os preços internacionais ainda estejam bem inferiores aos observados nos início do ano, é importante ficar atento às oportunidades de mercado face ao risco de uma nova redução das cotações da commodity. Além disso, a desvalorização do câmbio tem ajudado na precificação da pluma convertida em reais, o que é importante para fazer frente aos compromissos em moeda nacional.

 AGROLINK

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