Sem transplantes na Santa Casa de Campo Grande, órgãos são “exportados”

Com apenas 14 transplantes de rim realizados este ano em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da Central Estadual de Transplantes (CET/MS) – da Secretaria de Estado de Saúde -, pacientes que aguardam pela cirurgia estão migrando para fila de transplante em outros estados. A longa espera é, na maioria das vezes, acompanhanda de sessões de hemodiálise, inúmeras consultas e medicamentos.

Na fila para transplantes de rim, até 2013, haviam 460 pacientes. O tamanho da lista atual, de acordo com a CET, é de apenas 45 pessoas – e com menos pacientes, menor é a chance de compatibilidade. O Ministério da Sáude explica que a prioridade é que o órgão fique no estado do doador, porém caso nenhum paciente esteja qualificado para receber qualquer órgão, o mesmo segue para verificação na lista nacional e poderá ir para um paciente em qualquer lugar do País.

A quantidade de órgãos enviados para pacientes de outros estados supera a quantidade de transplantes feitos em MS. Em 2016 foram seis corações e 157 córneas, além de fígado, pâncreas e rins. Já este ano foram dois corações, 80 córneas, dois pulmões, e assim como no ano passado fígado, pâncreas e rins.

A CET informou que somente a Santa Casa é credenciada para realizar transplantes de rim no Estado, já os de córnea (197 captadas até o dia 21 de novembro – 14 feitos na Santa Casa) são feitos também no Hospital São Julião e clínicas particulares – na Capital e em Três Lagoas e os transplantes de ossos são no Hospital da Unimed. No ano passado foram 155 transplantes de córnea – 143 até o dia 21 de novembro -, e dois de rim.

Sobre problemas na fila a coordenadora da CET, Claire Miozzo, explica as vagas para inscrição estão disponíveis. “Cada médico coloca seu paciente na fila, via online. Existe priorização por algum motivo. Todos os critérios são levados em consideração, além da compatibilidade”.

Davi de Souza Silva, 42 anos, ficou seis deles na fila do transplante de rim. Cogitou se inscrever fora do Estado, mas desistiu devido aos custos. No mês passado Silva recebeu um rim de doador falecido e teve alta hospitalar 20 dias depois. “Fiz hemodiálise durante muito tempo, já estava cansado. Só não fui para fora do Estado porque é caro, aqui demorou muito”.

Até 2013 a Santa Casa mantinha média de 60 transplantes realizados por ano, número que caiu para apenas dois em 2015 e 2016. Os procedimentos foram suspensos entre dezembro 2013 e julho de 2014 pela Comissão Nacional de Transplantes após a morte de nove pacientes transplantados, sete renais e dois cardíacos (45 pacientes fizeram transplante de rim e três de coração em 2013). Os transplantes de rim só voltaram a acontecer no dia 21 de julho de 2015 – após período de seis meses sem equipe médica para realizar os procedimentos .

SEM SAÍDA

O atual presidente da Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Mato Grosso do Sul (Recromasul), Adolfo Alderete, é um dos que encabeça a lista de espera pelo procedimento fora do Estado.

Há três anos ele desistiu de esperar em MS e se inscreveu na lista do Hospital do Rim, em São Paulo (SP). Enquanto lá são feitos 900 transplantes por ano, uma média de 75 por mês, na Santa Casa – único hospital do Estado que realiza o procedimento.

“A fila na Santa Casa é muito devagar, inclusive as consultas para entrar são limitadas. Quem faz hemodiálise em algumas clínicas da cidade acabam conseguindo o transplante antes de outros. São 340 pacientes fazendo hemodiálise no mesmo lugar que eu, e já tem tempo que ninguém é chamado para fazer a cirurgia”. Correio do Estado

 

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