Enem 2017 tem iluminismo, futurismo, Belo Monte, Aristóteles e participação da mulher na política

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017 teve questões de humanidades com muita carga de leitura e exigiu dos candidatos conhecimentos de história, geografia, filosofia e sociologia da Antiguidade até atualidades como a usina de Belo Monte, na Região Norte do Brasil.

Em linguagens, o Enem manteve a tradição de citar uma série de artistas e personalidades brasileiras e internacionais. Neste ano, nomes já consolidades na prova, como Picasso e Clarice Lispector, se misturaram a James Bond, Racionais MC e Gregório Duvivier.

O tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.

Ciências humanas

Entre as correntes de pensamento que caíram na prova de ciências humanas estão os princípios do iluminismo e o Manifesto Futurista. Houve ainda três pensadores gregos citados na prova: Aristóteles e o seu conceito que relaciona o “sumo bem” (o melhor dos bens) e a organização das polis, Sócrates e a vida socrática, e Demócrates, com seu princípio constitutivo das coisas. Frida Khalo, Picasso e James Bond também apareceram na prova de linguagens.

Já alguns dos temas contemporâneos que apareceram estão a participação da mulher na política brasileira, exigindo conhecimentos sobre a cota de candidaturas de mulheres para os partidos políticos.

A usina hidrelétrica de Belo Monte também inspirou uma pergunta sobre a característica territorial positiva da usina. Ela mostrava uma tabela comparando o desempenho da usina com outras diversas do país. Em um mapa, apresentava a localização de todas elas e seus índices de geração de energia.

A Palestina também caiu no Enem 2017. Os candidatos encontraram na prova uma questão sobre a Assembleia Geral da ONU de 2012, que deu ao Estado Palestino o status de estado observador, evento que foi considerado uma vitória diplomática para o povo palestino.

Ainda sobre temas da História mundial, o período pós-soviético apareceu em uma das questões, que abordou o poderio dos Estados Unidos no mundo após a queda do Muro de Berlim, citando eventos como o 11 de Setembro e a Guerra do Golfo. O Império do Mali e a cidade de Timbuktu também caíram no Enem.

A prova ainda cobrou o controle dos meios de comunicação no Estado Novo, a relação do avanço tecnológico com a publicidade, e um item sobre um artigo da Constituição Federal sobre proteção às terras indígenas.

Entre as perguntas de ciências humanas apareceu ainda uma sobre a criação de tribunais constitucionais e seu impacto no Brasil. Outro tema foi a relação entre uma coleção de moda da Zuzu Angel e uma foto da cangaceira Maria Bonita, na qual discutia-se a apropriação cultural da modelo que usava uma roupa com referência ao cangaço.

Conhecimentos sobre a geografia clássica, incluindo solo e pluviometria, também exigiram tempo dos candidatos.

A história escravagista do Brasil também teve espaço na prova deste domingo. Uma imagem mostrando uma criança branca com sua ama-de-leite, uma negra escravizada, pediu que os candidados refletissem sobre os traços subjetivos da escravidão.

Linguages e tecnologias

Em linguagens, alguns dos escritores e artistas citados foram Clarice Lispector, Chico Buarque, Paulo Leminski e Racionais MC, com a canção “Fim de semana no parque”. Uma crônica do comediante, colunista e apresentador Gregório Duvivier também caiu na prova.

Alguns dos temas que também apareceram foram uma charge que abordou a violência doméstica e a criação dos filhos, o vírus HPV e uma questão sobre como os brinquedos impactam a vida das crianças, dando como exemplo a boneca Barbie e o fato de sua cintura não ser capaz de conter um rim de um ser humano de tamanho normal.

Frida Khalo, Picasso e James Bond também apareceram na prova de linguagens.

Redação

O tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Segundo professores ouvidos pelo G1, a abordagem específica dos surdos – e da formação educacional dos surdos – pode ter deixado muitos candidatos assustados, mas as chaves para fazer uma boa prova são não esquecer de falar especificamente da educação, não abordar genericamente todas as deficiências e focar a proposta de intervenção na inclusão.

No Twitter, quem acompanhava o debate sobre os possíveis temas ficou frustrado, já que a princial aposta era que a redação fosse tratar de homofobia.

Ouvidos pelo G1, especialistas em educação de surdos sugerem argumentos para o texto. professor Everton Pessôa de Oliveira, tradutor-intérprete de Libras-português, entre outros pontos, lembra que há escolas particulares que negam a matrícula de crianças surdas ou cobram taxas extras da família para que seja contratado um professor bilíngue ou intérprete.

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