Mesmo com a crise das empresas donas da JBS, pecuária de Mato Grosso do Sul fechou o ano com alta de 3,165% nos abates bovinos no ano passado – Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado
Após escândalos de corrupção envolvendo até mesmo o governo federal, a JBS, gigante do setor de alimentos, fechou o ano perdendo participação em Mato Grosso do Sul.
De acordo com dados do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no ano passado, os sete frigoríficos da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista abateram 1,255 milhão de animais no Estado, 12,20% a menos em comparação ao ano anterior. Em 2016, o número de abates fechou em 1,429 milhão de cabeças somente nas empresas da companhia.
Esse movimento de retração das operações do grupo no setor pecuário do Estado teve início em março do ano passado, quando a Polícia Federal realizou a operação Carne Fraca.
Joesley Batista, que já era investigado em outras três operações (Sépsis, Greenfield e Cui Bono), fechou acordo de delação premiada e, depois disso, o setor pecuário passou a enfrentar terreno de instabilidade. Um dos períodos mais graves, no entanto, foi no fim do ano passado, após ter R$ 750 milhões bloqueados pela Justiça Estadual a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da JBS, que investigava esquema de notas frias e o descumprimento dos cinco Termos de Acordo de Regime Especial (Tares) da companhia.
O Tare é o documento em que a empresa recebe incentivos fiscais do Estado em troca de investimentos e geração de empregos no Estado. A empresa assumiu ter descumprido totalmente dois termos e cumprido um parcialmente.
Em resposta ao bloqueio, a empresa fechou os sete frigoríficos e paralisou o mercado em Mato Grosso do Sul por cerca de uma semana. A pressão, aliada ao risco de 15 mil demissões, fez com que governo do Estado assumisse papel de intermediário. O resultado foi a liberação do dinheiro em troca do bloqueio de cinco bens da empresa, duas unidades em Campo Grande, e três matrículas de terras também na capital, que totalizam R$ 756 milhões. Correio do Estado