A Polícia Civil, em parceira com o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), concluiu a perícia da aeronave que fez pouso forçado com a família de Luciano Huck na zona rural de Campo Grande, em maio de 2015. Os laudos apontam que o motivo da falha na aeronave se deu por causa da instalação invertida de um capacitor do tanque de combustível. Com isso, o piloto visualizava, no painel, quantidade de combustível a mais do que havia no tanque.
As conclusões só foram possíveis após reprodução simulada, uma forma de retroceder no tempo e tentar reproduzir o que se passou no dia do acidente, conforme explica a Delegada do Dracco Ana Cláudia Medina. “Utilizamos uma aeronave de mesmo modelo e ano, os capacitores foram invertidos com a aeronave em solo para verificar qual leitura se fez do instrumento no dia que tudo aconteceu”, explica.
Isso porque, segundo a delegada, algumas peças da aeronave foram vendidas, após liberação pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). A simulação foi feita depois que as equipes receberam denúncias, em 2017, quando a carcaça do avião monomotor foi apreendida com peças originais faltando. “A aeronave estava sem as peças, então foram usadas outras vertentes além da reprodução, como laudos e fotos da época, constatamos marcas que porventura haviam, entrevistamos o piloto, testemunhas, mecânico, e fizemos o acionamento da aeronave como estava no dia do acidente com a família do Luciano Huck”, afirma a delegada.
Conforme Medina, a próxima fase é a de responsabilização dos culpados pelo acidente. “Vamos responsabilizar as pessoas que tiveram acesso na manutenção irregular para fazer o indiciamento dos culpados”, conclui.
Relembre o acidente
O acidente ocorreu no dia 24 de maio de 2015, com a aeronave em que estavam os apresentadores Luciano Huck e Angélica, além de seus filhos e duas babás. O piloto Osmar Frattini fez um pouso forçado de emergência próximo a BR-080, na Fazenda Palmeiras, em Rochedo, cidade a 84 quilômetros da Capital. Após serem socorridos sem ferimentos graves, todos retornavam da Estância Caiman no Pantanal, onde Angélica gravou o programa Estrela.
Relatório do Cenipa, à época, havia mostrado que a aeronave BEM-820C, onde viajava o casal, não havia apresentado nenhuma evidência de fogo em voo após o impacto. Em setembro de 2019, a empresa responsável por fazer a locação, a MS Táxi Aéreo, chegou a emitir uma nota afirmando que o acidente “se deu a sucessivos erros do piloto Osmar Frattini”.
“Sobre os motivos do acidente, a empresa MS Táxi Aéreo ratifica, com base nos laudos periciais, que o pouso forçado da aeronave se deu por sucessivos erros do piloto, o que será comprovado no curso das investigações, cobrando-se, para isso, os direitos ao contraditório e a ampla defesa na produção de provas”, afirmou a empresa. Midiamax