De acordo com o delegado Wagner Bassi Júnior, que investiga de morte de uma menina de 11 anos, supostamente envenenada pela madrasta, em Cuiabá, a suspeita teria ministrado a substância em doses pequenas para não chamar a atenção dos familiares.
As investigações apontam que Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, teria cometido o crime para ficar com a herança da enteada, no valor de R$ 800 mil.
Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, morreu em 14 de junho, após ser internada em um hospital particular da capital mato-grossense. A menina tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante o parto, por erro médico.
Segundo a Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), a madrasta deu doses diárias de veneno para a menina durante dois meses.
Uma substância de venda proibida foi ministrada gota a gota, entre abril e junho deste ano, de acordo com a Deddica. A operação que prendeu Jaira recebeu o nome do conto de fadas “Branca de Neve”.
“Essa menina sofreu muito na vida. A mãe morreu no parto e não chegou a conhecer a filha. Em virtude da morte da mãe ela recebeu a indenização e começou a ser pago no ano passado. Os avós paternos, que a criaram, faleceram ano passado. Em virtude disso ela foi morar com o pai e a madrasta”, explicou o delegado.
Foram, ao todo, nove internações em dois meses. Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta. O hospital não quis declarar o óbito, mas suspeitava ser meningite.
“Ela melhorava no hospital e piorava em casa. O veneno era aplicado de forma muito pequena, que não chamava a atenção, de modo que, com o tempo, gerou sua morte”, disse Bassi.
A suspeita foi ouvida após a morte da menina e contou que convive com o pai da vítima desde que ela tinha 2 anos de idade e que se considerava mãe dela.
Jaira declarou que a enteada começou a ficar doente em 17 de abril de 2019, apresentando dor de cabeça, tontura, dor na barriga e vômito. A suspeita foi levada para a sede da Dedica, em Cuiabá.
Um computador foi apreendido na casa e será periciado.
“O crime de envenenamento foi muito bem pesquisado e elaborado. O veneno é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há dois anos.