Apontado como operador do PMDB pelos investigadores da Operação Lava Jato, o doleiro Lúcio Funaro chorou na última sexta-feira (27), ao prestar depoimento à Justiça Federal em Brasília. Funaro é réu em um processo que apura supostos desvios de dinheiro do FI-FGTS e relatou que não via problema em ser chamado de doleiro. “Eles acham bonito me chamar de doleiro, deixa chamar do que eles quiserem. Não tenho mais vaidade. Passou a fase de querer vaidade, de querer poder, não sei mais o quê”, admitiu.
O suspeito chorou ao falar da família, principalmente de seu pai, com quem não fala desde que foi preso. “Eu estou em uma época, vossa excelência, de cuidar da minha filha, da minha esposa. Faz um ano e meio que o senhor vem me ouvindo aqui, minha filha veio para as audiências, você conheceu ela bebê. Viu minha mulher comparecendo aqui, minha sogra comparecendo aqui. Eu não quero mais passar por isso. Faz um ano e meio que eu não vejo meu pai, porque eu não tenho coragem de pedir para ele vir me visitar. Eu lembre de uma frase que ele me disse uma vez, que ele preferia dar um tiro na cara do que ser preso. E hoje é a minha condição ser presidiário”, lamentou. Funaro disse ainda não achar que seus crimes foram tão graves quanto outros cometidos no esquema chamado de “Petrolão”.
“Então eu queria falar para o senhor que… Não posso falar que eu estou arrependido. Não acho que as operações sejam como foram as operações da Petrobras. Foram operações financeiras que não são permitidas, e eu tinha que saber isso. O que não é permitido é proibido. O que é proibido pode te mandar pra cadeia. Então você tem que chegar à conclusão de que não pode fazer nada errado. E eu não tinha essa concepção dentro da minha cabeça”, alegou. O operador não é o primeiro a chorar durante depoimento à Justiça. Em julho deste ano, o ex-ministro Geddel Vieira Lima foi às lágrimas ao descobrir que continuaria preso (veja aqui). BN