O mundo da música sertaneja de raiz deu adeus ao cantor, compositor e violeiro Cacique, que formava a famosa dupla com Pajé. Antônio Borges de Alvarenga, nome de batismo do artista, foi enterrado às 17h30 dessa sexta-feira (8) no Cemitério Parque Jaraguá em São Paulo. Ele, que já havia enfrentado problemas cardíacos na década de 90, morreu no fim da noite de quinta-feira (7). Tinha 84 anos.
Cacique e Pajé estiveram em Bauru em 2004, no Clube da Vovó, e retornaram onze anos depois para aquela que seria uma sequência de apresentações com casas lotadas: em 2015 no Sesc; em 2017 no Grêmio Recreativo dos Energéticos de Bauru (Greb); e, em 2018, novamente no Sesc.
Antônio Alvarenga formou diferentes duplas com outros nomes até a criação de Cacique e Pajé ao lado de Roque Pereira Paiva, já falecido. Ambos eram filhos de agricultores e nascidos em tribo Caiapó de Rondonópolis (MT).
O registro de Alvarenga, contudo, só foi feito em Monte Aprazível (SP) e o de Paiva em Botefe (região de Botucatu) por conta da saída de suas famílias em decorrência da febre amarela que tomou conta de suas localidades de origem.
Em 1983, Cacique e Pajé tiveram uma experiência fora do universo tipicamente caipira ao gravar a música “Voz do Leste”, do cantor Taiguara (1945/1996), no disco “Canções de Amor e Liberdade” que marcou seu retornou do autoexílio no Uruguai.
A partir de 1995, após a morte de Paiva, Cacique teve vários “Pajés” até a entrada, em 1997, de Geraldo Aparecido da Silva (nascido em Itapuí, região de Bauru, e também de raízes indígenas).
‘MORRER CANTANDO’
Nos shows, sempre com duas violas (e não viola e violão, como é mais comum), músicas como “O Pescador e o Catireiro” e “Titanic” eram frequentemente pedidas pelos fãs, além de “O Milagre do Batismo”, “Caçando e Pescando”, “O Boiadeiro e a Viola”, Paraná do Norte” e “Cidade Moderna”.
Na música “Nascimento e Morte”, Cacique e Pajé cantam: “Eu sempre ouço dizer / Que a gente nasce chorando / Fosse coisa que eu pudesse / Iria morrer cantando”.
Praticamente foi o que ocorreu com Cacique, cantor desde os anos 60 e referência maior da dupla – do começo ao fim.
Da tribo dos autênticos
Cacique sempre teve reconhecimento por ser legítimo cantador das raízes regionais. Em fevereiro de 2018, por exemplo, ele e Pajé motivaram um “Viola, Minha Viola – Especial” na TV Cultura. A atração, apresentada por Adriana Farias, mostrou momentos marcantes da carreira da dupla indígena mais famosa do Brasil. |
JCNET