O presidente da Renault e da aliança Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, teve a prisão prorrogada por 10 dias, até 1º de janeiro, pela Justiça japonesa.
A prisão provisória de Ghosn, de 64 anos, já havia sido foi prorrogada por 48 horas na última sexta-feira (21) . A decisão foi tomada após a Promotoria de Tóquio anunciar a terceira denúncia contra o executivo brasileiro.
A decisão não significa que o executivo será liberado no dia 1 de janeiro, já que a promotoria pode solicitar nesta data a prorrogação da detenção por mais 10 dias, se considerar que a investigação exige a medida.
Carlos Ghosn foi preso em 19 de novembro sob a acusação de ocultar pagamentos milionários e cometer irregularidades fiscais. Na primeira denúncia formal, ele foi acusado de omitir cerca de metade de seu rendimento em um período de cinco anos (2010-2015). Em uma segunda etapa da acusação, ele foi denunciado por supostamente cometer o mesmo crime nos últimos três anos.
Já a terceira acusação baseia-se em violação de confiança que poderia ter prejudicado a Nissan Motor. A suspeita é que ele tenha empurrado para a Nissan um prejuízo de US$ 16,6 milhões em investimentos particulares, algo que ele nega, segundo o canal público NHK.
A justificativa para prorrogar a detenção foi a necessidade de obter mais informações sobre essas novas suspeitas contra o ex-CEO.
A prorrogação é um novo problema judicial para Ghosn, depois que na sexta-feira os promotores emitiram uma nova ordem de detenção contra o executivo por “abuso de confiança”.
Denúncias contra o executivo
A detenção de Ghosn foi consequência de uma investigação interna da Nissan. Quando as denúncias foram divulgadas, Ghosn era presidente do conselho da montadora e presidia a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Em 10 de dezembro, ele foi acusado pelos procuradores de ter omitido quase 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões) em suas declarações de renda às autoridades. Os valores teriam sido ocultados em prestações de contas feitas no período entre 2010 e 2015. Greg Kelly, seu auxiliar direto, também foi acusado.
Posteriormente, a detenção dos dois executivos foi prorrogada por suspeita de dissimulação de renda em outros três anos, que alcançam mais 4 bilhões de ienes (US$ 35 milhões) sonegados.
Liderança das empresas
Depois do escândalo, o executivo foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors, mas a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo, uma situação que gerou uma crise na aliança entre as montadoras. Na segunda-feira (17), a Nissan não conseguiu designar um substitutopara o executivo. Ghosn foi presidente da Nissan entre 2001 e 2017.
A aliança Renault-Nissan nasceu em 1999. Em 2016, com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico.G1