Familiares e amigos de Daniel Nantes Abuchaim, 46 anos, assassinado em um motel no dia 19 de novembro, relataram à polícia que o ex-superintendente de Gestão de Informações do governo do Estado passava por dificuldades financeiras e por isso tomava calmantes para dormir e fazia uso frequente de bebidas alcoólicas.
Conforme depoimentos prestados à polícia, Daniel era proprietário de uma das maiores peixarias da cidade, mas desde 2016 estava passando por dificuldades financeiras. No ano passado, a situação teria se agravado, e ele precisou tirar os três filhos – de 17, 15 e 12 anos – da escola particular.
Sem ter lucro no comércio, Daniel teria comentado com a família a necessidade de vender uma casa em construção no Residencial Damha, mas não conseguia negociar o terreno por conta das investigações da Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, onde é acusado de improbidade administrativa.
Toda a situação, segundo a família, estava fazendo com que Daniel precisasse de calmantes para dormir. Os depoimentos também relatam que ele fazia consumo frequente de bebidas alcoólicas e sempre recebia os amigos em casa.
A ex-namorada de Daniel ainda relatou à polícia que em uma conversa dias antes do crime, o ex-superintendente afirmou que a partir do dia 19 de novembro – data em que foi assassinado – “teria uma resposta que mudaria sua situação financeira”. Ela contou ainda que no velório um amigo comentou que Daniel havia conseguido vender o terreno do Damha por R$ 3 milhões, mas reforçou que não sabe se é verdade.
O caso é investigado pela Terceira Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.
O crime – Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, de 28 anos, foi presa pelo assassinato de Daniel no dia 21 de novembro. Inicialmente, ela alegou à polícia que havia cometido o crime sozinha, motivada por vingança a um possível assédio cometido por ele à sua namorada. Dias depois ela mudou a versão, afirmou que ele foi morto por um desconhecido e que só assumiu o homicídio após ter sido ameaçada.
Fernanda contou que no dia 19 de novembro foi a casa de Daniel e assim que saíram de lá, pararam em um cruzamento com sinalização de pare. Neste momento um homem armado entrou no banco traseiro do veículo e chamou o empresário pelo nome, aparentando conhecê-lo.
Ela afirmou ainda ter ouvido o “amigo” chamar o desconhecido pelo nome, que acredita ser Marcelo. Após a conversa, o homem passou para o porta-malas e a obrigou a dirigir até o motel no Jardim Noroeste.
Dentro do quarto, Daniel e o suspeito começaram a discutir por uma “dívida de dinheiro e cheques”, segundo Fernanda. Durante a discussão, o assassino teria estrangulado o ex-superintendente com um “golpe com o braço” e colocou uma toalha no rosto dele.
Fernanda afirmou ainda ter percebido que Daniel sangrava após ter sido esfaqueado, mas que não viu o crime acontecer. Toda a cena teria ocorrido dentro do banheiro, de onde o homem foi arrastado pelo suspeito até a garagem e colocado dentro da Pajero TR4 da mulher.
O homem ainda teria ameaçado Fernanda, afirmando que “iria esfaqueá-la da mesma forma caso falasse alguma coisa”. Diante da ameaça, ela voltou ao veículo e deixou o motel com o corpo de Daniel no banco do passageiro e o assassino escondido no banco traseiro. Para a polícia, ela relatou que o suspeito era negro, alto, magro, usava uma touca cobrindo o rosto.
Seguindo as ordens do suspeito, ela afirma que dirigiu até uma estrada no Jardim Veraneio e viu o homem empurrar o corpo de Daniel com o pé. Depois fugiu do local e deixou o assassino em um semáforo na mesma região. Fernanda tentou fugir para Bela Vista. Contudo, horas depois, decidiu voltar à Capital, onde foi presa pela Polícia Civil.
Durante as investigações, a polícia ainda encontrou conversas de Fernanda com Patrick Weslley Fontoura Dias de Lima – irmão de Mayara Fontoura Holsback, assassinada a tesouradas pelo namorado, Roberson Batista da Silva, em setembro de 2016. Ainda conforme os inquerito, o rapaz é um dos suspeitos de participar do crime.
Campo Grande News