‘Eles estão mentindo’, diz delegado do caso Daniel sobre família suspeita de envolvimento na morte do jogador

Empresário Edison Júnior, de 38 anos, a esposa dele Cristiana Brittes, de 35 anos, e a filha do casal Allana Brittes, de 18 anos, estão presos temporariamente — Foto: Reprodução/TV Globo

Empresário Edison Júnior, de 38 anos, a esposa dele Cristiana Brittes, de 35 anos, e a filha do casal Allana Brittes, de 18 anos, estão presos temporariamente — Foto: Reprodução/TV Globo

O delegado da Polícia Civil de São José dos Pinhais, Amadeu Trevisan, acredita que Cristiana Brittes e a filha dela Allana mentiram em depoimento prestado à polícia. Segundo o delegado, a família será indiciada por homicídio qualificado e coação de testemunhas.

De acordo com Trevisan, as duas combinaram uma versão com Edison Brittes Júnior, suspeito de ter matado o jogador Daniel, marido de Cristiana e pai de Allana, a respeito do espancamento e morte do jogador Daniel. “Eles estão mentindo”, disse o delegado nesta terça-feira (6).

O corpo de Daniel Corrêia Freitas, de 24 anos, foi encontrado no dia 27 de outubro na região de Curitiba.

Cristiana e Allana foram ouvidas pela polícia na segunda-feira (5). Edison Júnior teve o depoimento adiado, mas em entrevista à RPC confessou ter matado o jogador.

Edison Júnior diz que reagiu “sob forte emoção” ao ver Daniel deitado ao lado da sua esposa. O empresário alega que o jogador tentou estuprar Cristiana.

Para o delegado, no entanto, o crime está esclarecido. “Já conseguimos reconstruir tudo que aconteceu na casa no dia do assassinato. Vamos ouvir mais algumas testemunhas hoje e teremos o depoimento do Edison amanhã”, explicou Trevisan.

O G1 entrou em contato com a defesa da família Brittes, mas até o momento não obteve resposta.

O que dizem os suspeitos

Em depoimento à Polícia Civil, a Cristiana Brittes disse que acordou com o jogador deitado sobre ela de cueca e que, então, começou a gritar assustada. “Ele dizia: ‘Calma, é o Daniel’, contou.

Cristiana disse no depoimento que Daniel estava “excitado” e que esfregava o pênis, que estava fora da cueca, pelo corpo dela. A mulher de Edison relatou também que o marido foi o primeiro a entrar no quarto, depois de arrombar a porta.

A filha do casal, Allana, também prestou depoimento. Allana disse ter ouvido gritos na casa e que, ao chegar no quarto dos pais, encontrou Edison segurando Daniel pelo pescoço, “como se o enforcasse”.

A filha confirmou à polícia que a mãe tinha dito que Daniel tinha tentado estuprá-la.

Em entrevista à RPC, o empresário Edison Brittes Júnior disse que perdeu o controle quando agrediu Daniel. “Eu fiquei aterrorizado quando vi ele com a minha mulher”, disse o empresário.

“Eu bati muito nele. Muito, muito. Tirei ele para fora da casa, não sei se estava acordado, desacordado, se só tinha fechado o olho”, afirmou Edison.

Depois da agressão, segundo ele, o empresário colocou Daniel no porta-malas do carro e o tirou da casa, junto de três amigos.

Ele conta que os amigos tentaram o impedir de cometer o crime, “mas não iam conseguir” em função do descontrole emocional que tomou conta do empresário. Edison Brittes Júnior disse que usou uma faca para matar o jogador.

Para o delegado, o crime poderia ter sido evitado pelos suspeitos mesmo depois da primeira agressão.

“Temos que observar o lapso temporal [do crime]. Teve muito tempo. O Edison teve tempo para pensar nesse crime” afirmou Amadeu Trevisan.

Coação de testemunhas

De acordo com o delegado da Polícia Civil, Edison, Cristiana e Allana coagiram as testemunhas do crime para que combinassem uma versão diferente do caso.

Segundo a polícia, antes de ser preso, Edison Júnior chamou pessoas que estavam na festa para uma conversa em um shopping, em que o empresário tentou combinar a versão de que Daniel teria saído mais cedo da festa, ainda com vida.

O delegado também disse que, neste encontro, Edison pediu para que algumas testemunhas fossem “tiradas” da versão combinada.

Perícia

A polícia já recebeu o laudo da perícia realizada no corpo de Daniel. Segundo o laudo, o jogador apresentava 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue.

“É uma dosagem muito alta, que prova que Daniel não tinha a menor capacidade de reagir às agressões”, explicou o delegado.

O laudo também aponta que Daniel não usou drogas na noite da festa.

A polícia não encontrou os pertences do jogador. A investigação trabalha com a hipótese de que as roupas e celular de Daniel tenham sido queimados.

A faca do crime, que segundo o suspeito teria sido jogada em um riacho próximo ao local onde o corpo foi encontrado, também não foi encontrada. G1

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