Exclusivo: Ex-assessor entrega ao Ministério Público Federal denúncias que incriminam Odilon

Candidato do PDT é alvo de graves acusações feitas por ex-assessor (Foto: Divulgação)

Com relatos de uma trama de acusações, denúncias e detalhes da rotina, envolvidos e datas, Jedeão de Oliveira, ex-assessor do candidato do PDT ao governo estadual, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, procurou o MPF (Ministério Público Federal) com uma proposta de colaboração premiada, que envolve até um suposto esquema de venda de sentenças. O Jornal Midiamax teve acesso, com exclusividade, ao documento registrado em cartório paulista.

Antes de procurar o Ministério Público, em julho de 2018, Jedeão, que acusa o ex-chefe de ‘totalmente insano’, ‘narcisista’ e capaz de cometer atos ‘escabrosos’ para se aparecer, procurou um cartório no município de Bauru (SP), e registrou uma carta de 23 páginas com declarações que incriminam Odilon.

O ex-assessor contou que seu pai foi uma espécie de ‘irmão mais velho’ de Odilon, e que sua nomeação para o cargo na 3ª Vara foi uma ordem do então titular da Vara, em 1995, onde permaneceu até 2016, quando passou a ser investigado pelo desvio de R$ 11 milhões, em valores apreendidos e que teriam ‘sumido’ da Vara.

Além de se defender da acusação do desvio milionário, que inclusive, segundo ele, foi alvo de investigações da Polícia Federal, Jedeão destaca que não poderia desviar o equivalente a R$ 500 mil por ano, sozinho, da 3ª Vara, onde havia uma ‘sala cofre e um cofre a prova de fogo dentro do gabinete do Juiz’.

Ele explica que o cofre só poderia ser aberto por duas pessoas, uma com a chave e outra com uma senha, e que apenas o titular da vara, o diretor de secretaria e outros dois servidores, tinham essa prerrogativa. Já o cofre a prova de fogo apenas Odilon e sua secretária tinha acesso.

Ameaças

No documento, Oliveira, que se diz primo de Odilon, afirma que teve conhecimento de um suposto plano para prendê-lo, no âmbito das investigações sobre o desvio de dinheiro, e encaminhá-lo para um presídio em Campo Grande, onde seria ‘eliminado’. Por este motivo deixou Mato Grosso do Sul, com a família, e mudou-se para Mato Grosso.

Ele alega que registrou a carta em um cartório para ‘tentar se preservar’. Assumo que era ‘o braço direito’ de Odilon e se compromete a ratificar todo conteúdo das revelações em juízo.

Acusações

Com acesso privilegiado a Odilon e sua rotina como magistrado, Jedeão detalha ações que, segundo ele, expõem a necessidade de exposição pública do agora candidato ao governo, como vazamento de informações para setores da imprensa, pedidos de entrevistas durante julgamentos e até, questiona o primo do juiz na carta, uma suposta contribuição financeira para o filme ‘Em Nome da Lei’, lançado em 2016 e que levou para o cinema um recorte biográfico do pedetista.

Jedeão também questiona os motivos que levaram o primo famoso, e agora candidato, a solicitar escolta armada da Polícia Federal por muitos anos. Ele chega a afirmar que apenas uma ameaça contra o juiz foi constatada, e que denúncias anônimas, suspeitas, também motivaram esse pedido por escolta (Odilon perdeu a escolta durante a campanha política de 2018).

Ainda integram a carta, denúncias de que Odilon integrou suposta venda de sentenças, e que filhos do magistrado e advogados ligados a eles, negociaram liberação de bens de réus por diversos crimes, com anuência do magistrado.

Inclusive uma Ferrari, de um caso de contrabando e descaminho que ficou conhecido em Campo Grande por volta do ano de 2005, só ‘voltou’ para o dono graças à atuação de um advogado amigo de um filho de juiz.

A acusação aponta ainda possíveis relatórios ‘inflados’ de bens apreendidos por determinação da 3ª Vara, e que Jedeão afirma que ‘eram usados pelo magistrado para alimentar matérias jornalísticas sobre o seu trabalho na fronteira com o Paraguai’. Outro fato relatado, é um suposto ‘ciúme’ que Odilon desenvolve do juiz Sérgio Moro.

MPF recebeu pedido de colaboração premiada

Todo conteúdo da carta foi entregue ao MPF no último dia 17 de julho, com proposta de tornar-se, efetivamente um ‘colaborador’.

Defesa

A reportagem procurou a assessoria do candidato Odilon de Oliveira, que não respondeu até a publicação da matéria.

O filho do pedetista, o vereador Odilon Júnior (PDT), afirmou que Jedeão foi ‘ingrato’ com seu pai, e que deve ser processado em virtude das denúncias. Destacou ainda que a denúncia, nas vésperas da eleição, é um ato político vergonhoso que visa manchar a reputação de seu pai.

“A delação é o desespero de quem está perto de ser julgado e ser condenado está tentando o último suspiro do desespero. Aí casa com a vontade política de alguns de trazer esse prejuízo. A verdade é que, quando o juiz Odilon detectou esse fato, tomou todas as providências e encaminhou para exoneração desse cidadão. Ao contrário do que alguns fazem, que só fingem que afastam os outros, mas não afastam”, afirmou Júnior. Colaborou Richelieu Pereira / Midiamax

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