Defesa pede liberdade de ex-ginasta que matou bebê: ‘Cuidar da outra filha’

Ana Carolina Moraes da Silva, de 29 anos, foi presa em Santos, SP (Foto: Arquivo Pessoal)

Ana Carolina Moraes da Silva, de 29 anos, foi presa em Santos, SP (Foto: Arquivo Pessoal)

A defesa da ex-ginasta Ana Carolina Moraes da Silva, de 29 anos, vai solicitar à Justiça, nesta segunda-feira (23), a revogação da prisão dela. A mulher está detida por matar a filha recém-nascida ao jogá-la em um duto de lixo do 6º andar de um prédio em Santos, no litoral de São Paulo.

O corpo do bebê foi encontrado por um catador de latinhas que vasculhava um contentor de lixo na Rua Bahia, no bairro Gonzaga, em 28 de junho. A polícia chegou aos pais ao localizar um cupom fiscal no saco onde foi achada a criança. O casal foi preso, mas o pai conseguiu a liberdade.

A advogada Letícia Giribelo, que defende Ana Carolina, explicou ao G1 que vai pedir a soltura da cliente com base nos bons antecedentes dela, além de emprego e residência fixos. “Também vamos destacar que ela tem uma filha de dois anos que precisa ficar sob os cuidados da mãe”, afirmou.

Caso o pedido não seja acatado em primeira instância, a advogada garante que entrará com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça. “Vamos pedir um Habeas Corpus por motivo humanitário, justamente para que ela possa cuidar da filha enquanto não ocorre o julgamento do caso”.

A ex-ginasta está presa há aproximadamente um mês e a criança está sob os cuidados do pai e da avô paterna. “Apesar de serem separados, acontece que eles possuem um estabelecimento comercial que, desde o ocorrido, enfrenta dificuldades para abrir. A menina era sempre cuidada por ela”.

Ana Carolina, segundo Letícia Giribelo, agiu em desespero, sem consciência, e agora está arrependida e até tentou se matar enquanto estava na Cadeia Pública feminina de São Vicente. “Usou um garfo e a tampa de alumínio de uma marmita. Isso mostra a condição psicológica dela, que não está nada bem”.

A advogada também contou ao G1 que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a bebê morreu por traumatismo, e que não havia indícios de asfixia, como indicou a polícia inicialmente. Ela acredita, também, após conversar com a cliente, que não houve qualquer premeditação.

“Ela não teve consciência do que fez, mas garante que acreditava que a criança tinha nascido morta, no vaso sanitário. Já pedimos uma avaliação psiquiátrica à Justiça e agora aguardamos a data para ser realizada a perícia”, explica a advogada. Ana Carolina está presa em Tremembé, no interior paulista.

O caso
A recém-nascida foi envolvida em dois sacos plásticos e jogada do sexto andar pelo fosso de lixo do prédio de classe média em que o casal morava, na Rua Bahia, no bairro Gonzaga.

De acordo com o delegado Renato Mazagão Júnior, responsável pelo caso, no apartamento, foi localizada uma lixa metálica e pontiaguda, o que reforça a hipótese de ela ter sido usada para a asfixia, já que a criança tinha ferimentos de perfuração no pescoço. Ela também estava com um elástico de cabelo na região.

O corpo foi achado pelo catador de latinhas Valdemir Oliveira, que vasculhava o lixo no momento em que notou a cabeça do bebê em meio aos sacos. “Eu sempre faço esse trabalho. Dessa vez, enquanto estava mexendo no local, dei de cara com o bebê. Na hora procurei ajuda e decidi chamar a polícia”, conta.

Um cupom fiscal da compra de um pacote de fraldas descartáveis, achado em meio ao corpo do bebê, foi o pontapé inicial para a localização do pai da criança. Abordado nas redondezas do prédio em que morava, foi ele quem indicou que Ana Carolina e a filha, de 2 anos, estavam, em Praia Grande.

Equipes da Polícia Civil localizaram a mãe em um apartamento da família, no bairro Aviação. O casal foi encaminhado ao 1º Distrito Policial de Santos. Ainda segundo o delegado, Ana Carolina trocou mensagens de texto no WhatsApp com o pai do bebê antes do crime, demonstrando insatisfação com a filha e dito não querer ‘mais uma boca para comer’.

“Havia uma conversa na qual ela dizia que eles ‘não tinham condições de criar mais uma boca’. Ele chegou a sugerir que ela fosse embora para Ribeirão Preto. Depois, diz ‘você matou minha filha’, seguido de ‘se livra disso'”, afirmou Mazagão.

O casal foi preso no mesmo dia, mas o pai, entretanto, foi solto na manhã de sexta-feira (29), em decisão que foi acompanhada pelo Ministério Público. Ele foi indiciado por favorecimento pessoal. Já a mãe segue presa até que as novas fases do caso sejam definidas. G1

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