ex-ginasta Ana Carolina Moraes da Silva, de 29 anos, que está presa por jogar a filha recém-nascida em um duto de lixo do 6º andar de um prédio em Santos, no litoral de São Paulo, diz estar arrependida e tentou se matar na cadeia. Segundo a defesa, a cliente cometeu um “ato de desespero” por “depressão”.
O corpo do bebê foi encontrado por um catador de latinhas que vasculhava um contentor de lixo na Rua Bahia, no bairro Gonzaga, em 28 de junho. A polícia chegou aos pais ao localizar um cupom fiscal no saco onde foi achada a criança. O casal foi preso, mas o pai conseguiu a liberdade pela Justiça.
Ana Carolina, segundo a advogada Letícia Giribelo, está presa na penitenciária feminina de Tremembé, no interior paulista. A defensora explica que ela escreve cartas a familiares pedindo desculpas pelo o que fez. A mulher não tem falado com o marido, com quem ficou sob cuidados a primeira filha do casal, de 2 anos.
“Ela está visivelmente arrependida. Antes de ir para Tremembé, ainda na cadeia pública de São Vicente, ela tentou se matar. Usou um garfo e a tampa de alumínio de uma marmita. Isso mostra a condição psicológica dela, que não está nada bem. Ela está em depressão e tudo o que fez foi num momento de desespero”.
Letícia entende que Ana Carolina deve responder ao processo em liberdade para cuidar da filha criança e por não ter qualquer antecedente. A advogada fala que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a bebê morreu por traumatismo, e que não havia indícios de asfixia, como indicou a polícia inicialmente.
“O laudo apontou somente traumatismo craniano. Ela não teve consciência do que fez ao jogar o bebê no lixo, mas ela garante que acreditava que a criança tinha nascido morta, no vaso sanitário. Já pedimos uma avaliação psiquiátrica à Justiça e agora aguardamos a data para ser realizada a perícia”, explica a advogada.
O caso
A recém-nascida foi envolvida em dois sacos plásticos, além de jornais, lenços umedecidos e, também, uma fronha, cujo par foi encontrada dentro do apartamento do casal, e jogada do sexto andar pelo fosso de lixo do prédio de classe média em que o casal morava, na Rua Bahia, no bairro Gonzaga.
De acordo com o delegado Renato Mazagão Júnior, responsável pelo caso, no apartamento, foi localizada uma lixa metálica e pontiaguda, o que reforça a hipótese de ela ter sido usada para a asfixia, já que a criança tinha ferimentos de perfuração no pescoço. Ela também estava com um elástico de cabelo na região.
O corpo foi achado pelo catador de latinhas Valdemir Oliveira, que vasculhava o lixo no momento em que notou a cabeça do bebê em meio aos sacos. “Eu sempre faço esse trabalho. Dessa vez, enquanto estava mexendo no local, dei de cara com o bebê. Na hora procurei ajuda e decidi chamar a polícia”, conta.
Um cupom fiscal da compra de um pacote de fraldas descartáveis, achado em meio ao corpo do bebê, foi o pontapé inicial para a localização do pai da criança. Abordado nas redondezas do prédio em que morava, foi ele quem indicou que Ana Carolina e a filha, de 2 anos, estavam, em Praia Grande.
Equipes da Polícia Civil localizaram a mãe em um apartamento da família, no bairro Aviação. O casal foi encaminhado ao 1º Distrito Policial de Santos. Ainda segundo o delegado, Ana Carolina trocou mensagens de texto no WhatsApp com o pai do bebê antes do crime, demonstrando insatisfação com a filha e dito não querer ‘mais uma boca para comer’.
“Havia uma conversa na qual ela dizia que eles ‘não tinham condições de criar mais uma boca’. Ele chegou a sugerir que ela fosse embora para Ribeirão Preto. Depois, diz ‘você matou minha filha’, seguido de ‘se livra disso'”, afirmou Mazagão.
O casal foi preso no mesmo dia, mas o pai, entretanto, foi solto na manhã de sexta-feira (29), em decisão que foi acompanhada pelo Ministério Público. Ele foi indiciado por favorecimento pessoal. Já a mãe segue presa até que as novas fases do caso sejam definidas. G1