Idosos que foram ao Parque Ayrton Senna na manhã deste sábado (23) em busca de exames de cardiologia oferecidos no primeiro dia da Caravana da Saúde fora das escolas, na capital, tiveram uma surpresa desagradável. Os pacientes relatam terem sido orientados a madrugarem nas portas do parque para serem atendidos, porém, chegando no local, foram informados que só seriam atendidos à tarde.
Segundo os idosos, a orientação partiu da Sesau (Secretaria Municipal da Saúde). Apenas quem tivesse feito triagem junto à rede pública da Secretaria poderia fazer os exames neste sábado. Muitos chegaram ainda de madrugada ao Parque em busca de atendimento, porém sem sucesso.
Equipes que trabalham na Caravana confirmaram que só haverá cardiologistas no local à tarde. A paciente Niura Marcia relata que saiu de casa às 3h da madrugada para fazer um ultrassom de abdômen total e endoscopia, mas foi embora sem ser atendida, depois de ser informada que não receberia os exames pela manhã.
“Encaminharam a gente para coleta de sangue, sendo que não era nem coleta, e sim doação”, afirma a paciente. “As pessoas que estão para atender nem sabiam para onde nos encaminhar”, relata. Ela diz que muitos pacientes saíram de municípios do interior para serem atendidos, mas voltaram para casa frustrados, alguns deles rasgando crachás do credenciamento.
Exames de visão e audição
Segundo o coordenador desta etapa da Caravana, Luciano Goulart, apenas serviços de fonoaudiologia, oftalmologia e otorrinolaringologia estão sendo realizados nesta manhã deste sábado. Nos próximos 15 dias da ação, que permanecerá atendendo no Ayrton Senna até dia 6 de julho, devem ser atendidas 6 mil crianças com problemas de visão e audição.
Esse é o número de crianças nas quais foram identificadas algum problema de audição ou visão, entre as 30 mil atendidas nas 147 escolas pelas quais a Caravana passou em sua primeira etapa. Segundo Luciano, 20% das crianças atendidas na triagem apresentaram alguma complicação.
No local, um setor de credenciamento recebe os pacientes na entrada do Parque. São 30 guichês por onde os atendidos pela Caravana se credenciam antes de serem encaminhados para triagem. Nesta manhã, o atendimento era rápido no setor.
Ao chegarem no Parque, as famílias primeiro fazem o credenciamento. Só quem se cadastrar pode entrar no Parque. Em seguida, são encaminhadas ao setor de triagem, e só após o atendimento inicial é que podem fazer os exames com os especialistas em oftalmologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia.
Caso seja constatado pelos profissionais que as crianças ou mães necessitam de uso de aparelho auditivo ou óculos, equipes da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) estão no local distribuindo os acessórios.
De acordo com o coordenador do evento, os médicos estão atendendo, além das crianças triadas nas escolas, demandas espontâneas que chegam ao Parque. É o caso da mãe Jéssica Fernandes, que veio de Maracaju a Campo Grande em busca de tratamento oftalmológico adequado para os filhos.
Ela tem duas crianças, uma menina de 12 anos e um menino de 6. A filha passou pela triagem e teria problemas de audição e dificuldade de enxergar de longe, por isso foi à Caravana. Já o menino, por não ter idade para ser atendido na triagem nas escolas, ainda não tinha sido atendido.
O garoto teria estrabismo e, segundo a mãe, sofre muito com bullying na escola por conta de colegas que zombam de sua condição. Na Caravana, a criança foi atendida nesta manhã e, depois da consulta com oftalmologista, pode ser que o menino consiga uma cirurgia para corrigir o olho estrábico.
Segundo dados da Caravana da Saúde, de 15% a 20% dos casos de baixo rendimento escolar entre alunos da rede pública de ensino são causados por problemas de visão ou audição. Nas escolas, o foco da Caravana são alunos de 7 a 12 anos. Midiamax