Tenente acusada de torturar e matar aluno durante aula prática do Corpo de Bombeiros pode se aposentar por invalidez

Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá, responde pelo crime de tortura na Justiça e está afastada há mais de um ano (Foto: Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução)

Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá, responde pelo crime de tortura na Justiça e está afastada há mais de um ano (Foto: Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução)

A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada da morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, pode ser aposentada por invalidez devido ao afastamento contínuo para tratamento de saúde.

Rodrigo Claro morreu depois de passar mal durante um treinamento aquático dos bombeiros em novembro de 2016, atividade coordenada pela tenente, que era a instrutora do curso.

Em portaria que circulou no Diário Oficial do Estado na sexta-feira (15), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros em substituição legal, César Claudiomiro Viana de Brum, determinou que a tenente seja agregada por ter ultrapassado o período de um ano contínuo em licença para tratamento de saúde, a contar de 20 de março deste ano.

A agregação é a situação na qual o bombeiro da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu quadro, nela permanecendo sem número. Segundo o regimento, o tempo em que permanece como agregado não é computado para critério de promoção.

De acordo com a portaria, caso passe mais de dois anos contínuos de agregação, a corporação deve dar início à instrução do processo de reforma por invalidez.

 

Rodrigo Claro morreu em novembro de 2016, após passar mal em um treinamento que era coordenado pela tenente Izadora Ledur (Foto: Facebook/Reprodução)

Rodrigo Claro morreu em novembro de 2016, após passar mal em um treinamento que era coordenado pela tenente Izadora Ledur (Foto: Facebook/Reprodução)

Afastamento

Ledur se afastou pela primeira vez para tratamento de saúde entre 25 de novembro e 24 de dezembro de 2016. No segundo atestado, a tenente esteve de licença entre os dias 9 de março de 2017 a 15 de março.

Como houve um hiato entre o segundo e o terceiro atestado apresentado por ela – que justificou a ausência entre os dias 20 de março a 18 de maio -, a portaria considera que Ledur completou um ano em afastamento contínuo no dia 20 de março deste ano. Após essa justificativa, a tenente apresentou pelo menos outros seis atestados médicos.

Durante o período afastada, Ledur tentou por duas vezes ser promovida para capitã, o que foi negado pela corporação.

Em mensagem enviada para a mãe, Rodrigo disse que estava com medo (Foto: Reprodução/TVCA)

Em mensagem enviada para a mãe, Rodrigo disse que estava com medo (Foto: Reprodução/TVCA)

A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e foi monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. Em outubro do ano passado, ela conseguiu na justiça o direito de suspender o monitoramento eletrônico, com a retirada do equipamento.

A ação que tramita na Justiça, de autoria do Ministério Público Estadual (MPE), tem a tenente como ré pelo crime de tortura. Além dela, outros cinco militares dos bombeiros foram denunciados.

Rodrigo passou mal durante aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá (Foto: Reprodução/TVCA)

Rodrigo passou mal durante aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá (Foto: Reprodução/TVCA)

Morte após treinamento

Rodrigo morreu no dia 15 de novembro, após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.

“Os métodos abusivos praticados pela instrutora consistiram tanto de natureza física, por meio de caldos com afogamento, como de natureza mental utilizando ameaças de desligamento do curso ”, como consta na denúncia.

Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho. G1

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