Mãe, avó, bisavó, tataravó e assim até a quinta geração de netos e mais de 100 descendentes. Com 111 anos recém-completados e uma lucidez de dar inveja, a dona Isabel de Sena é a referência de uma família que veio do interior do Pará para viver no Amapá. Para ela, o segredo da longevidade está numa vida regrada, alimentação variada e o principalmente felicidade.
O centésimo décimo primeiro aniversário foi comemorado na quinta-feira (14) na casa da filha, onde vive atualmente no bairro Muca, na Zona Sul de Macapá. De forma descontraída, Isabel diz que preferia morar sozinha, mas o cuidado dos filhos e a violência a afastaram da possibilidade.
“Eu tenho a minha casinha lá na Zona Norte, mas tenho medo de viver só eu. A violência é muito grande e não sei o que um bandido pode fazer comigo, mas me viro sozinha”, brincou a idosa.
Ao ser perguntada sobre até quando quer viver, a resposta foi uma só “muitos anos ainda”. Ela conta que quer ser “independente” dentro de casa e que busca fazer tarefas domésticas para se exercitar.
“Não me deixam fazer nada, se quero lavar uma louça não deixam, se quero fazer uma comida não deixam. Mas faço escondido e elas se espantam quando me veem lavando roupa”, diz.
Dona Isabel teve somente duas filhas, que geraram 20 netos e uma “quantidade não definida”, segundo ela, de bisnetos, trinetos e tetranetos. Para ela, a vida simples e os bons hábitos de alimentação e vivência do interior são a chave para manter a sanidade em idade tão avançada.
“Eu como de tudo, se a gente comer a mesma coisa não dá. Tomo muito mingau, leite, mas quando tem um açaí eu gosto, com camarão, com frango, não tem ‘frescura’. Trabalhei muito na roça, plantando e colhendo açaí, subia na ‘peconha’ e tudo”, relembrou Isabel, sempre sorrindo.
Pessoas como a senhora de 111 anos são cada vez mais raras no Amapá e representam menos de 1% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atualmente, são 866 vivendo no estado acima dos 90 anos, numa média de longevidade de 77 anos e 2 meses.
Para a filha Raimunda Sena, de 72 anos, a felicidade da mãe, mesmo nos momentos mais adversos foi fundamental para a vida longa e o sorriso no rosto que ela diz que a matriarca expressa todos os dias. “Vivemos assim, simples, com toda família reunida e vivendo por ela um dia de cada vez”, disse, emocionada. G1