Acusado de matar um casal após a esposa receber foto dele em festa, o empresário Ricardo Oliveira Sousa Lobo vai a júri popular em Goiânia na próxima segunda-feira (11). Uma das vítimas, Camila Edna Silveira de Oliveira, de 28 anos, era prima da mulher dele, Gleicy Silveira Pira. A sessão vai começar às 8h30, no Fórum Criminal, e será presidida pelo juiz da 1ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, Eduardo Pio Mascarenhas.
O crime aconteceu no dia 17 de setembro de 2016, no Residencial Primavera, residência das vítimas, logo após elas chegarem da igreja. Preso em 21 de outubro, Ricardo confessou os assassinatos e disse que agiu por “impulso”, afirmando que Camila “se intrometia” com frequência no relacionamento dele e que isso o irritava.
O G1 não conseguiu contato com os advogados de Ricardo, Edilvan da Silva Maia, Natalia Salustriano dos Santos e Vitor Mateus Borges Vieira. O promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargos denunciou o homem pelos homicídios qualificados por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Prima de Camila e da esposa de Ricardo, a vendedora Mayara Keila da Silveira, de 25 anos, disse à reportagem que a família pretende “lotar o auditório” para mostrar que deseja a condenação do empresário com pena máxima.
“A gente não se conforma com isso. Foi um motivo tão fútil. A gente não quer que ele saia cedo de lá. E, se ele sair, ele é uma ameaça para sociedade.”
A jovem descreveu Camila e o companheiro, Mário Silva de Moura, de 26 anos, como “superqueridos” e contou que eles planejavam se casar em junho deste ano. Segundo ela, tanto o acusado quanto a mulher dele constavam na lista de convidados da cerimônia.
“Eram pessoas muito boas, mesmo, que nunca fizeram nada de errado. Eram o exemplo da nossa família. Aí vão e fazem isso? De graça?”, questionou.
A vendedora também declarou que a família rompeu contato com Gleicy Silveira Pira, mulher de Ricardo. No dia do duplo homicídio, ela estava com o acusado e foi quem chamou o casal no portão de casa. A mulher não foi considerada suspeita de envolvimento e não foi denunciada por nenhum crime.
“Ela se mudou para o Tocantins dois dias depois que o Ricardo foi preso, e o pai dela morreu de AVC na mesma semana, por causa disso tudo. De alguma forma, mesmo que ela não tenha de fato culpa, a gente acha que ela poderia ter agido diferente, porque ela sabia que o Ricardo era violento, não deveria ter mostrado a ele a mensagem da Camila”, explica.
Crime após foto
As investigações da Polícia Civil apontaram, que no dia do crime, Ricardo saiu de casa falando para a esposa, Gleicy Silveira Pira, que iria resolver questões financeiras e fazer algumas compras. Entretanto, ele foi para uma festa na casa de uma blogueira.
Por volta de 22h40, Gleicy recebeu de Camila imagens dele no evento acompanhado de mulheres. Quando Ricardo voltou para casa, viu sua esposa olhando para o celular e perguntou o que ela estava vendo.
foi até a casa das vítimas, levando também o filho do casal, que na época tinha 1 ano e 8 meses.
Ao chegar à residência, no Residencial Primavera, Ricardo desceu, tocou o interfone e, quando a prima de sua esposa apareceu, mostrou o celular com as mensagens a ela e, em seguida, atirou na jovem.
Logo depois, também disparou contra Mário, namorado de Camila. Em seguida, voltou ao carro e fugiu. As vítimas morreram no local.
A esposa dele afirmou que ficou “desnorteada” ao ver o marido matar o casal e que foi impedida de procurar a polícia.