Perucas feitas em presídios do MS já beneficiaram mais de 200 mulheres com câncer

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Foto ilustrativa

Há mais de dois anos, o trabalho desenvolvido pelas mulheres privadas de liberdade em Mato Grosso do Sul tem contribuído no tratamento contra o câncer de outras pessoas. Ao todo, 236 perucas confeccionadas nos presídios femininos de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas já foram doadas, levando autoestima, alegria e mais confiança a mulheres que lutam contra a doença.

A ação, que une reintegração social dentro e fora das unidades prisionais, faz parte de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e a Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Ao todo, mais de 100 internas já foram capacitadas na produção, que consiste desde a seleção dos cabelos até a montagem das perucas. Além da parte social, o trabalho é um estímulo às internas, que se profissionalizam e saem da ociosidade, e também garante remição de um dia da pena a cada três de serviços prestados.

O projeto teve início no Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas (EPFTL), em fevereiro de 2016, por meio da parceria com a cabeleireira Ângela Fernandez e já entregou cerca de 80 perucas confeccionadas pelas internas. Atualmente, cinco reeducandas atuam na produção das peças e mais de 90 internas já passaram pelas atividades do projeto.

Na Capital, a ação foi idealizada pelo juiz Albino Coimbra Neto, na época titular da 2ª Vara de Execução Penal, e teve início em novembro de 2016 com a participação de 10 reeducandas no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ). O trabalho realizado dentro do presídio contribuiu com a doação de 86 perucas, garantindo mais autoestima e sorrisos a mulheres e crianças no combate à doença.

Com seis horas de trabalho diárias, as reeducandas dão forma e tamanho às perucas, é o que mostra a interna M. R. B., de 39 anos, que atua na oficina da unidade de Campo Grande há mais de um ano. “Gosto muito desse trabalho, eu já trabalhava com mega hair antes de ser presa, então estou tendo a oportunidade de aprimorar minhas técnicas aqui e, ao mesmo tempo, ajudar mulheres com câncer”, afirma a detenta.

Há três anos atuando como voluntária na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Campo Grande, Dirce da Silva Ramos, destaca que a peruca tem feito uma grande diferença na vida da mulher que realiza esse tratamento. “Nesses anos que estou à frente desse trabalho, percebo que essas doações têm trazido de volta a autoestima e a confiança das pacientes e são recebidas com muita alegria por elas”, ressalta.

Com apenas seis meses de existência do projeto no presídio feminino de regime semiaberto de Dourados, já foi possível doar 70 perucas ao Hospital do Câncer e à Rede Feminina de Combate ao Câncer. No local, a ação recebeu o nome de  Rapunzel – Cabelos ao Vento, em referência ao conto sobre a princesa de cabelos longos.

No local, os trabalhos são desenvolvidos por 11 internas, que se revezam em turnos vespertino e noturno. As doações de cabelos são aceitas na própria unidade prisional e, para se ter uma ideia, a cada peruca produzida é necessário um quilo de cabelo. Para a implantação do projeto, a arrecadação dos cabelos foi feita pelos próprios agentes penitenciários que atuam na unidade.

Para a confecção das perucas, todas as internas passaram por um curso de qualificação, onde aprenderam a fazer desde a triagem, higienização e costura do cabelo até a montagem final da peruca, com diferentes modelos e formatos de rosto.

Segundo o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, ações positivas que unem o sistema penitenciário com a sociedade traz inúmeros benefícios para ambos os lados, incentivando a mudança de comportamento nos apenados. “Isso tem se tornado possível graças às inúmeras parcerias firmadas pela instituição, que tem proporcionado ocupação produtiva e capacitação aos detentos e contribuído diretamente à população”, destaca o dirigente.

Em Campo Grande o projeto teve início em novembro de 2016 com a participação de 10 reeducandas no EPFIIZ .

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