‘Meu patrão falou que posso morar aqui se eu quiser’, diz caminhoneiro parado

Caminhões são vistos no acostamento da Rodovia Rodoanel Mário Covas, na região de Embu das Artes (SP), durante protesto de caminhoneiros (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Caminhões são vistos no acostamento da Rodovia Rodoanel Mário Covas, na região de Embu das Artes (SP), durante protesto de caminhoneiros (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Meu patrão falou que eu posso morar aqui se eu quiser”, afirmou um dos cerca de 100 caminhoneiros de empresas e autônomos que continuam parados na manhã desta sexta-feira (25) em uma das pistas do Rodoanel Mário Covas no acesso para Rodovia Regis Bittencourt, em São Paulo.

De acordo com os funcionários ouvidos pela reportagem do G1, as empresas têm apoiado a greve. “Esse preço afeta a empresa também, afeta todo mundo. O meu patrão disse: tá parado na greve, fica na greve”, disse outro motorista, que não quis se identificar.

Os caminhoneiros, que estão desde quarta-feira (23) no local, afirmam que não concordam com o acordo anunciado pelo governo com representantes da categoria e que pretendem continuar a greve por tempo indeterminado.

“Isso [o acordo] foi uma fraude junto com o governo. O que falaram nessa reunião não vai mudar em nada nossa situação. Aquelas pessoas não representam a gente. Se tiver que ficar parado mais 20 ou 30 dias, a gente fica”, declarou o autônomo José Robson.

A comunicação entre os grevistas tem sido feita por vários grupos de WhatsApp, mas os caminhoneiros dizem que não há uma liderança centralizada.

“O que a gente recebe nos grupos do país inteiro é que vai continuar todo mundo parado. Para a gente não teve nada de acordo”, disse Rafael Gonçalves.

Na noite desta quinta-feira (24), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que o governo apura se houve prática de locaute pelas empresas de transporte durante o movimento dos caminhoneiros pela redução do preço do diesel.

Locaute é a prática pela qual empresas impedem empregados de trabalhar em razão dos próprios interesses e não das reivindicações dos trabalhadores. No caso do movimento dos caminhoneiros, do qual participaram autônomos (sem vínculo empregatício com transportadoras), haveria interesse direto das empresas de forçar a redução do preço do diesel.

“Eu diria que nós temos indícios de que existe uma, digamos assim, aliança, um acordo entre os caminhoneiros autônomos e as distribuidoras e transportadoras”, afirmou o ministro Jungmann.

Segundo ele, “isso é grave porque isso representa indícios de locaute”. “Evidentemente que estamos verificando isso, porque locaute é ilegal e não é permitido pela lei.”

Jungmann afirmou que, se ficar comprovada a prática de locaute pelas empresas, serão tomadas “as providências cabíveis”.

Caminhoneiros convesam no acostamento da Rodovia Rodoanel Mário Covas, na região de Embu das Artes (SP), durante protesto da categoria (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Caminhoneiros convesam no acostamento da Rodovia Rodoanel Mário Covas, na região de Embu das Artes (SP), durante protesto da categoria (Foto: Marcelo Brandt/G1)

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