Operários da arena se arriscam para garantir segurança de peões nos rodeios pelo Brasil

Ana Cláudia Garcia de Faria ficou conhecida como Ana Cláudia Madrinheiranos rodeios do país (Foto: Érico Andrade/G1)

Ana Cláudia Garcia de Faria ficou conhecida como Ana Cláudia Madrinheiranos rodeios do país (Foto: Érico Andrade/G1)

No momento em que o peão entra na arena para começar a montaria, todos os olhares se voltam a ele e ao animal, desviando apenas para controlar o cronômetro. Enquanto isso, a presença do grupo de madrinheiros e de salva-vidas passa completamente despercebida.

Os salva-vidas atuam na montaria em touro desde o instante em que o animal saiu dos bretes, já o trabalho dos madrinheiros começa assim que bate a campainha dos oitos segundos. O que eles têm em comum? A tarefa de garantir a segurança e a integridade física do cowboy.

A cada modalidade, os operários da arena estão lá, atentos a cada movimento e prontos para intervir.

Coragem

Ana Cláudia Garcia de Faria, de 34 anos, ficou conhecida como Ana Cláudia Madrinheira em todos os rodeios do país. Natural de Uberaba (MG), atua na função desde os 11 anos e afirma que é recordista do ‘Troféu Arena de Ouro’ como ‘Melhor Madrinheira do Brasil’.

Além de ser a oficial da Festa do Peão de Barretos há 20 anos, ela marcou presença também no Ribeirão Rodeo Music. Ana Cláudia ainda ficou conhecida por participar de duas novelas da Globo em cenas de rodeio, “Em Família” e “América”.

Ela se destaca em um ambiente majoritariamente masculino e faz bonito na hora de resgatar o peão. Sua função é ficar dentro da arena com um cavalo domado, prestando atenção a cada movimento durante toda a prova.

Assim que passa o tempo estipulado, ela cavalga rapidamente e encosta ao lado do cavalo competidor do cutiano. Então, segura o cowboy pela cintura, o coloca no chão e, rapidamente, passa o laço ao redor do pescoço do cavalo, guiando-o de volta aos bretes.

“Segurar o competidor requer força, senão, a gente cai muito. Mas, o principal é estar montada em um cavalo bom que te ajuda, ter habilidade e saber chegar na hora certa”, afirma.

A madrinheira se orgulha de seu desempenho na arena e treina sempre que possível para conseguir manter o equilíbrio na hora em que ajuda o peão. Porém, já sofreu um bocado de acidentes – coleciona as cicatrizes de ter quebrado braço, perna, alguns dedos da mão, quatro costelas, duas vezes a clavícula e, o nariz, três. Apesar de tudo, não desiste jamais.

“Sinto medo, mas o amor pela profissão é muito maior. Fico muito feliz, muito orgulhosa de representar todas as mulheres na arena. Gosto de mostrar que mulher não é sexo frágil não, tem hora que a mulherada é mais bruta que os homens, se quer saber”, diz, se divertindo com a situação.

Madrinheiro acompanha prova no Ribeirão Rodeo Music 2018 (Foto: Érico Andrade/G1)

Madrinheiro acompanha prova no Ribeirão Rodeo Music 2018 (Foto: Érico Andrade/G1)

‘Anjos’
A montaria em touros é considerada um dos esportes mais radicais do mundo, visto que animal é capaz de saltar até 14 vezes durante os oito segundos em que o sujeito precisa se equilibrar sobre ele. Descer, entretanto, pode ser ainda mais arriscado – com o touro nervoso, qualquer desatenção pode resultar em um acidente grave.

Franklin dos Santos, de 26 anos, é conhecido nos rodeios como Zica Bullfighter. Assim que o peão desce ou é lançado no chão, o rapaz e sua equipe intervêm sem medo e se colocam na frente do touro para distraí-lo do competidor.

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O trabalho de proteção começa ainda antes – o trio forma um triângulo ao redor do animal, girando na mesma direção que ele. “Isso é para desviar a atenção do bicho e permitir que o cowboy saia em segurança. Depois, não é só se jogar na frente dele, a gente tem técnicas, passa por um treinamento e cada movimento é calculado”, afirma.

Para garantir a própria proteção, os considerados anjos das arenas usam apenas um colete e uma bermuda protetora com enchimentos. Cinco vezes na semana a equipe passa por treinamentos para garantir o preparo físico, sendo que três dias são destinados aos treinos na fazenda com boi e, os restantes, para fortalecimento na academia.

Ainda assim, é comum que os salva-vidas saiam feridos. Santos diz que raramente se machuca, mas, levou 15 pontos no rosto e mais 5 na boca após levar um coice durante o Rodeio de Guaxupé (MG), no ano passado.

“Às vezes, acontece. Esse foi o pior que aconteceu comigo. Mesmo assim, o que a gente sente não é medo exatamente, é respeito pelo animal”, ressalta.

O rapaz é natural de Morro Agudo (SP) e relata que atua nas arenas há sete anos, tendo começado também com a montaria. Sua equipe é formada por Cleiton Bernardes Ferreira, de 22 anos, natural de Álvares Florence (SP), e por Lucas Gonçalves, 31, de São Joaquim da Barra (SP) – todos fazem parte da União Nacional dos Salva-Vidas.

“A gente se envolve demais com o trabalho, a gente ama o que faz, é uma paixão imensa que temos por esse esporte. Salvar vidas em rodeio é um trabalho que é para poucos, não é pra qualquer um não”, conclui. G1

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