Vítima de empresa que prometia lucro de 100% em MS diz que passou fim de ano sem dinheiro e tratando mãe com câncer

Materiais apreendidos na operação são entregues no Ministério Público de MS (Foto: Osvaldo Nóbrega/TV Morena)

Materiais apreendidos na operação são entregues no Ministério Público de MS (Foto: Osvaldo Nóbrega/TV Morena)

Uma desempregada de 36 anos investiu cerca de R$ 9 mil na empresa investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para ter uma renda a mais. Mas no fim do ano, quando mais precisou dos rendimentos, por causa da mãe em tratamento contra um câncer, ficou na mão.

Em nota, a Minerworld informou que não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira. A empresa foi, sim, vítima de uma fraude na exchange americana Poloniex e, por isso, começou a ter problemas com os investidores.

A empresa que prometia 100% de lucro após um ano do investimento com a mineração de bitcoins, segundo o promotor Luiz Eduardo Lemos, do Ministério Público Estadual (MPE-MS), parou de fazer os pagamentos dos rendimentos. Ana Paula Felix de Oliveira Pereira afirmou ao G1 que até o quarto resgate recebeu, mas com atrasos.

“Eu investi R$ 9 mil, não me lembro a quantia exata, mas foi mais ou menos nessa base, recebi quatro meses e passei Natal e Ano Novo sem dinheiro porque eu precisava desse dinheiro, com a minha mãe com câncer em casa, sem poder comprar os remédios dela. Eu contava com esse rendimento e me atrapalhou porque faz seis meses que eu estou sem receber. Fiz o pedido no site, tudo o meu cadastro certinho e eu acho que não vão pagar”, afirmou Ana Paula.

Segundo a investidora, o contrato foi feito em meados de agosto do ano passado por meio de uma amiga. “O que eu achei muito errado é que ele poderiam ter migrado nosso investimento para outra plataforma e ter nos pago primeiro para depois dar continuidade na Miner 360”, disse.

Além do medicamentos da mãe, que tem um custo mensal de R$ 400, Ana Paula disse que tem uma filha de 13 anos e o marido, na época, estava preso. Ele voltou para casa na terça-feira (17). “Foi uma tristeza. Sem dinheiro, passei muita dificuldade, as contas enrolaram”, contou.

O MP começou a investigação no fim do ano passado quando muitos investidores começaram a não receber os rendimentos. “Forte indício de pirâmide financeira e com o não pagamento demonstra que a pirâmide começou a desmoronar e lesionar os consumidores”, afirmou o promotor.

Houve, em um primeiro momento, a denúncia da Comissão de Valores Imobiliários, ressaltando o público lesado e pedindo providências, momento em que uma ação civil pública foi ajuizada. Lemos explicou que a ação é para impedir o ingresso de mais consumidores nessas pirâmides que as empresas sejam dissolvidas e haja a reparação do dano causado ao consumidor”, afirmou.

De acordo com o promotor, ao menos 50 mil clientes atuam nestas empresas espalhadas pelo Brasil. Durante a Operação Lucro Fácil, foram cumpridos oito mandados nas empresas Mineworld, Bit Ofertas e Bitpago, em Campo Grande e São Paulo, além das residências dos respectivos sócios.

Confira a nota da Minerworld na íntegra:

“Diante da operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual na manhã desta terça-feira, em Campo Grande (MS), a Minerworld informa que não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira. A empresa foi, sim, vítima de uma fraude na exchange americana Poloniex, em outubro do ano passado, no valor total de 851 bitcoins – cerca de R$ 23, 8 milhões pelo câmbio de hoje, 17 de abril de 2018. Desde então, a Miner passou a ter dificuldades para realizar seus pagamentos em dia. Todos os demais esclarecimentos serão prestados em juízo”. G1

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