Vitória Tacto ainda estava na barriga da mãe, Denize Tacto, há 19 anos, quando o pai dela, o ator Gerson Brenner, foi baleado na cabeça em uma tentativa de latrocínio na Rodovia Presidente Dutra.
No auge da carreira, Gerson perdeu massa encefálica, entrou em coma e, desde então, ficou com limitações de movimento e de fala. O ator estava a caminho do Rio de Janeiro para gravar a novela “Corpo Dourado” (1998). Antes, já tinha atuado em sucessos como “Rainha da Sucata” (1990) e “Deus nos acuda” (1992), entre outras.
O atirador, Luzimar Sabino dos Santos, cumpriu quase 20 anos de pena e foi solto. No último domingo (18), porém, ele voltou a ser preso, desta vez em flagrante por homicídio qualificado e estupro. Vitória, atualmente com 19 anos, se surpreendeu com a notícia.
“É decepcionante perceber que as pessoas não se arrependem em acabar com a vida de alguém e ainda repetem a dose. Eu não sinto nenhuma revolta. Eu fico triste, bem triste mesmo”, disse a filha do ator.
“Achei que era uma notícia sensacionalista, mas quando vi que era real… Fiquei chocada. Chocada com a crueldade, sabe? Com o sangue frio”, disse a estudante ao G1.
Luzimar dos Santos foi preso suspeito de matar amigo na Zona Leste de São Paulo (Foto: Divulgação/Polícia Militar de SP)
Segundo Vitória, o crime cometido por Luzimar foi determinante na vida não só de Gerson, mas de toda a família. O ator e a mãe dela se separaram um ano depois.
“Minha família estava estruturada, esperando a minha chegada. Minha mãe estava grávida, meu pai estava no auge da carreira, minhas irmãs estavam juntas. O ‘fio’ que seguravam todos nós arrebentou a partir do momento que esse atirador fez o que fez.”
Família
Na terça (20), Denize Tacto, ex-mulher do ator, fez um post em uma rede social e falou sobre a prisão do homem que atirou no ex-marido. Segundo Vitória, a mãe foi muito criticada na época do incidente.
“Na primeira oportunidade após o acidente, a família do meu pai colocou a minha mãe como ruim, disseram que ela abandonou ele. Ninguém sabe a história, nenhum jornalista se interessou em verificar o processo. Meu avô, pai da minha mãe, morreu quando eu tinha meses de vida, meu pai estava em tratamento, ela ficou fora por uma semana, foi pro Rio de Janeiro, onde meu avô morava, e anunciaram que ela havia abandonado ele. Acho que com ou sem ‘acidente’, seria muito diferente se nenhuma dessas falsas notícias tivessem sido anunciadas”, desabafa Vitória.
A própria Vitória só foi conhecer o pai aos oito anos. “Meu pai nunca me rejeitou. Sempre foi um amor imenso, eu sei disso! Mas, infelizmente, quem responde por ele são as pessoas ao seu redor. Minha relação com o meu pai é ótima, desde quando o conheci, com oito anos”, diz ela, que está há dois anos sem ver o pai devido à dificuldade na relação com familiares.
“Tenho que aprender, acho que ainda não aprendi. É um processo de evolução, acho. Mas eu acho que essa pessoa [Luzimar] precisa de muita ajuda espiritual.”
G1