É mais difícil, senão impossível, a mulheres sem qualificação profissional e sem emprego se desvencilharem de relacionamentos com agressores, que sempre terminam em episódios de violência e traumas. A secretária municipal de Assistência Social de Três Lagoas, Vera Helena Arsioli Pinho, diz acreditar que estes fatores superam a qualquer sentimento de ligação entre vítimas e agressores.
Por isso, aposta na qualificação profissional das vítimas como saída para reduzir casos de violência. E apoia a campanha “Mulher Protegida”, do Grupo RCN de Comunicação, pela instalação do botão de pânico em Três Lagoas, para acionamento da polícia.
Segundo dados da Polícia Civil, a cidade tem quatro casos de violência doméstica por dia, mas, apenas 11% das vítimas procuram ajuda geralmente porque dependem financeiramente de seus companheiros.
Jornal do Povo – Por que um número tão pequeno de mulheres agredidas procura por ajuda?
Vera Helena – O que mais prende as vítimas aos seus agressores é a dependência financeira. Elas ficam preocupadas em como vão sobreviver e como vão tratar de filhos, porque é o marido quem paga as contas da casa, que alimenta a família. Por isso, se submetem à violência. E muitas ainda preferem parar os casos apenas após o registro de boletim de ocorrência.
JP – Significa que as mulheres desconhecem o poder que têm ou precisam de apoio mais qualitativo?
Vera Helena – Acho que as duas coisas. Por isso, estamos atuando em parceria com outras secretarias municipais e com a Casa do Trabalhador para oferecer qualificação e encontrarmos trabalho. E, ainda, tem a questão do empoderamento. Queremos que estas mulheres se tornem independentes e que possam exercer seus direitos.
JP – Como funciona a parceria com a Casa do Trabalhador?
Vera Helena – A Casa do Trabalhador seleciona mulheres que indicamos para trabalhar em empresas, que também são nossas parceiras. Mas, isso ocorre em um formato de sigilo para que elas não sejam expostas a novos perigos.
JP – Dentro da sua secretaria há programas específicos para apoio a essas mulheres?
Vera Helena – Sim. Temos uma equipe que trabalha concentrada sobre casos de violência, para receber e apoiar as vítimas, inclusive com o funcionamento das “casas de apoio”, que são residências que adaptamos para que elas possam se mudar com filhos e permanecer pelo tempo que for preciso. Nós queremos que essas mulheres saibam que temos uma rede forte de proteção.
JP – Sobre o botão de pânico. Qual sua opinião?
Vera Helena – Sou totalmente favorável a essa campanha do Grupo RCN de Comunicação porque as mulheres necessitam desse mecanismo de proteção e para fazerem cumprir medidas protetivas. Não é mais o caso de apenas perdoar e prosseguir com uma vida de perigo e humilhação. JPNews