Assassino de Amalha nega ter planejado o crime e diz que houve ‘sequência de erros’

Corretora foi morta em Campo Grande (Redes Sociais / Henrique Arakaki, Midiamax)

Fabiano Garcia Sanches, preso em maio deste ano pelo assassinato da corretora de imóveis, Amalha Cristina Mariano Garcia, de 38 anos, em Campo Grande, negou ter planejado o crime e disse que houve uma ‘sequência de erros’. O depoimento dele durou cerca de 51 minutos, no qual detalhou como ocorreu o crime naquela terça-feira, 21 de maio.

Inicialmente, ele havia contado que matou a corretora por ela não aceitar a participar do golpe do falso seguro; Porém, as investigações negaram esse fato. Em depoimento, Fabiano contou que conheceu Amalha em dezembro do ano passado em um site de compra e venda de imóveis. Na época, a mãe dele, residente em Ponta Porã, que estava procurando casa para comprar.

Ele contou que saiu uma noite com Amalha, mas que ambos nunca tiveram relacionamento e que a corretora não sabia que ele era casado. Ainda disse que Amalha foi quem o procurou após cerca de quatro meses e ele contou que estava precisando de ajuda.

Questionado sobre o que aconteceu naquela terça-feira, Fabiano contou que um dia antes, ambos haviam combinado de se encontrar, até então na empresa onde ele trabalhava, mas não deu certo pela distância, então ficou combinado para o dia seguinte na residência dele às 12 horas.

Em seguida, Fabiano teria rebatido dizendo que os dois não tinham nada e que tinha chamado Amalha ao local para falar sobre outra coisa. “Aí ela falou ‘eu não vou te ajudar, porque você é desses que só vem atrás quando precisa de dinheiro e eu vou falar com a sua mulher porque vou acabar com tudo’ e começamos a discutir. E aí ela falou ‘eu vou embora e vou atrás da sua mulher’. E saiu para ir em direção do portão e eu falei ‘você não vai’ e puxei ela”.

Ele alega que em seguida ela avançou nele e ele a empurrou, momento em que ela caiu em um banco de madeira. Amalha então levantou e voltou a tentar agredir Fabiano, quando ele a empurrou e ela bateu a cabeça em uma quina da parede, quando começou a sangrar.

Autor chorou durante depoimento

Logo, Fabiano chora durante o depoimento ao se recordar dos fatos e afirma para a delegada que não é bandido. “Eu não sou bandido, acordo 4h30 da manhã para trabalhar todo dia há muito tempo. Eu sou um espelho do meu filho”.

Ele ainda confessa que errou, mas que o crime não foi planejado, pois horas antes de encontrar Amalha estava em casa com a esposa e o filho. “Não fiz nada planejado, se não eu não ia ter voltado. Foi tudo uma sequência de erros”, alegou.

Logo após perceber o que tinha feito, ficou desesperado, mas optou por não acionar o resgate. “Entrei em desespero, já sabia que tinha feito cagad* na hora. Se eu chamo o Samu, chamo qualquer coisa já é B.O, eu sei, não sou idiota. Aí coloquei no carro”, disse.

Fabiano ainda disse que não tinha ninguém com ele no momento do crime, colocou ela no porta-malas do Jeep Renegade e saiu para ir a algum lugar. Quando chegou ao local, região do Porto Seco, “só abri o porta-malas e puxei, nem vi nada. Não mexi em nada, não peguei uma agulha dela”, revelou.

Posteriormente, Fabiano saiu do local e não notou que as coisas da corretora estavam caídas, pois, segundo ele, a única preocupação era não deixar o corpo da corretora no local. Assim, ele pegou um saco preto que estava no porta-malas do carro para tentar esconder o corpo, mas não conseguiu.

Após isso, o homem saiu, voltou para a casa, pegou o caminhão e voltou a trabalhar.

Indagado se apresentou o Jeep Renegade de Amalha para tentar vendê-lo, ele nega, afirmando que jogou água na calçada onde estava com vestígios de sangue e deixou o veículo na casa.

Porém, questionado novamente pela delegada, ele confessa que falou com um colega que estava com o carro para comercializá-lo e que não havia nenhum registro de crime, mas ao se deparar com as notícias na imprensa, o colega desistiu da compra.

Ao chegar em casa, ele foi buscar a esposa na rodoviária e disse que o carro era de um amigo. Nisso, a esposa ficou brava achando que Fabiano estivesse envolvido em coisa errada, conforme narrou em depoimento.

Fabiano ainda revelou que chamou um amigo para levar o veículo até um posto de combustíveis e no dia seguinte pegou o carro para levar até o distrito de Indubrasil. Em seguida, ele relata que foi caminhando até onde estava seu caminhão e pensou em procurar um posto policial para dizer que o carro foi deixado naquele local.

O homem também contou que jogou a bolsa da corretora no Nova Lima e o celular em uma área de mata durante o caminho após o crime, já que o aparelho começou a tocar.

A todo momento, Fabiano dizia durante o depoimento que agiu sozinho e que as pessoas presas por suspeita de envolvimento no assassinato não tinham ligação com o crime. Ele se contradisse durante as investigações, mas confirmou ter matado Amalha.

(Reprodução, Batalhão de Choque)

Relembre o caso

  • No dia 21, Amalha comentou com amigas da corretora onde trabalhava que iria sair por volta das 12h29 para receber uma dívida de R$ 20 mil de um ex-paquera.
  • A corretora saiu em seu Jeep Renegade, de cor branca, que sumiu após o corpo de Amalha ser encontrado no meio de um matagal, com as roupas em desalinho.
  • Já no dia 22, um ex-paquera de Amalha foi detido e encaminhado para a delegacia de Ponta Porã, onde foi ouvido e liberado. Isso porque, conforme a delegada Analu Lacerda, não havia evidências de que o homem estaria envolvido na morte da corretora.
  • Outras testemunhas também foram ouvidas pela Polícia Civil.
  • Já na quinta (23), o Jeep Renegade foi encontrado no Indubrasil abandonado em um terreno baldio, ao lado de uma casa, e dois homens foram levados para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
  • Um dos homens foi levado como testemunha e o outro como suspeito, sendo que foram ouvidos e liberados. Um deles tem passagens por ameaça e violência doméstica.
  • Em depoimento, os homens disseram que o Jeep ‘apareceu’ no local e que não viram quem teria deixado o carro no terreno.
Local onde corretora foi encontrada morta na terça-feira. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
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