Menino de cinco anos morre ao ser atingido por bala perdida durante Ano Novo

Arthur Aparecido Silva, de 5 anos, morreu vítima de uma bala perdida

Um menino de cinco anos morreu ao ser atingido por uma bala perdida na madrugada desta segunda-feira em São Paulo, durante a comemoração da virada de ano. Ele faria aniversário em 17 de fevereiro.

Arthur Aparecido Bencid Silva brincava no quintal com outras crianças quando foi baleado. A vítima fazia bolinhas de sabão até que caiu no chão. Familiares notaram que ele tinha um sangramento na nuca.

O menino foi inicialmente levado para o Hospital Family, que é particular, onde foi constatado que o ferimento foi provocado por arma de fogo, após realização de exames. Como no local não havia Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Arthur precisou ser transferido.

A criança só conseguiu internação numa UTI cinco horas após ser baleada. De acordo com Rosana Aparecida, tia do garoto, a família tentou vaga em aproximadamente dez hospitais, entre públicos e particulares.

— Aí passamos para os particulares, ligamos para o São Camilo, ligamos para o Metropolitano, no Sabará, no Albert Sabin, no que ia lembrando, nos próximos aqui da região, no Santa Cecilia. Ligamos em vários, gente. Nenhum tinha vaga. UTI Infantil. Será que nenhum tinha vaga? Nenhum? — questionou Rosana ao G1, que completou:

— Só conseguimos internar o Arthur porque, meu pai, meus primos foram até o hospital Pirajussara. Chegaram lá e falaram com a pessoa responsável pela internação. Ela assustou, disse que é grave. Ou remove ou ele morre, é grave, então remove.

Arthur só deu entrada no Hospital Pirajussara às 6h20 e não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado no 89º Departamento de Polícia, no Portal do Morumbi, que abriu inquérito para investigar a origem da bala. Testemunhas e familiares serão chamados para dar depoimento, e também serão realizados procedimentos com a Polícia Técnica.

De acordo com o delegado Antonio Sucupira, o laudo necroscópico revelou que se trata de uma bala de calibre 38 e que o projétil atingiu a criança na parte de cima da cabeça. Ainda segundo Sucupira, essa informação e o laudo técnico serão fundamentais para solucionar o crime.

— Eu preciso saber a posição que o Artur foi atingido na sua cabeça. Onde é o orifício de entrada desse objeto. Outro detalhe importante: que posição o Artur caiu quando ele foi atingido. Talvez com estas informações nós possamos traçar a trajetória desse projétil ou objeto e saber de onde veio — disse o delegado.

OUTRO LADO

O Hospital Family esclareceu, em nota, que “o paciente foi atendido com rapidez” na emergência e que, apesar do início imediato do tratamento, o menino “chegou com dano neurológico importante”. O hospital informou ainda que, por não possuir UTI Pediátrica, o processo de transferência “foi prolongado devido ao tempo de busca de vaga na rede SUS”. A procura, segundo eles, começou à 1h11 e terminou às 4h53 do diia 1º de janeiro – a busca foi feita em 12 hospitais da rede pública.

A assessoria da Secretaria de Estado da Saúde, em São Paulo, responsável pelo Hospital Pirajussara, disse que Arthur deu entrada na unidade em “estado gravíssimo” e que ele recebeu atendimento tão logo chegou ao local

“No Pirajussara, a criança passou pela avaliação da equipe de Neurocirurgia e por procedimento cirúrgico. Depois disso, foi internada na UTI pediátrica e faleceu devido à gravidade clínica. Cabe esclarecer que o Hospital Geral de Pirajussara não nega atendimento a nenhum caso de urgência que procura o serviço. Seu pronto-socorro é referenciado e, majoritariamente, todos os casos urgentes que ingressam no serviço são levados pelo Samu ou Resgate, em caso de socorro ou de encaminhamento a partir de outro serviço de saúde. Nesses casos, cabe ao serviço de origem providenciar transporte adequado para transferir pacientes”, afirma a nota.

A secretaria acrescenta ainda que o hospital está à disposição dos familiares para eventuais esclarecimentos.Também afirma que não houve solicitação prévia de transferência do garoto no sistema da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross). O Globo

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