Os senadores têm em mãos um Projeto de Lei que, se aprovado, será determinante para contribuir com a redução da violência do tráfego. O projeto é de autoria da deputada federal Keiko Ota (PSB-SP) e foi aprovado no início do mês de dezembro pelo Congresso. O texto prevê reclusão de 5 a 8 anos para o motorista embriagado que provocar acidente com morte. Hoje, a pena vai de 2 a 4 anos de detenção.
A repressão à combinação álcool e direção não é novidade. O Artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro é categórico nesse sentido. Dirigir sob a influência de álcool é infração gravíssima, com multa e suspensão do direito de dirigir. Além disso, deve ser recolhido o documento de habilitação e retido o veículo.
Mais do que endurecer a punição a motoristas que se negam a respeitar a Lei, o debate que levou à aprovação do novo projeto de Lei que endurece a Lei trouxe à tona a necessidade de mudança da cultura brasileira. É preciso combater a balela de que beber não afeta o comportamento dos motoristas. A ciência já provou: bebida alcoólica afeta os reflexos e a eficiência do condutor.
Para nós, que cuidamos da administração e operação da BR-163 no Estado de Mato Grosso do Sul, o endurecimento da lei e o combate severo aos motoristas que dirigem sob efeito do álcool são fundamentais. Apesar de todas as nossas ações educativas e de obras nas pistas, temos acompanhado um crescimento espantoso da quantidade de acidentes provocados por motoristas embriagados. Pessoas irresponsáveis que utilizaram seus veículos sem o mínimo cuidado, provocando acidentes e tirando vidas no tráfego.
E não são poucos os acidentes que envolvem provável consumo de álcool como uma das causas. Números da Polícia Rodoviária Federal, PRF, demonstram que, do total de acidentes ocorridos ano a ano na BR-163/MS nos últimos três anos, houve um crescimento de quase 57% na quantidade de motoristas envolvidos com sinais evidentes de terem consumido álcool.
Um estudo da instituição policial em MS selecionou os registros sobre acidentes ocorridos na principal rodovia do estado no período compreendido entre janeiro e outubro de 2014 e comparou com igual período em 2017. Há três anos, a causa “ingestão de álcool” aparecia em 5,8% dos casos. Hoje, esse percentual é de 9,1%.
Ou seja, a “ingestão de álcool” saltou de 7ª posição das causas prováveis, em 2014, para a 2ª posição, em 2017, só perdendo para “falta de atenção à condução”, que está em primeiro lugar.
É preciso dar um basta nessa situação. Todos os setores da Sociedade precisam se unir para combater essa nefasta combinação em ter álcool e direção. Isso não significa que sejamos contra o consumo moderado de álcool. Somos contra, isso sim, à cultura de que é possível conduzir veículos de maneira apropriada depois de consumir bebida alcoólica.
Não há nada de glamoroso em beber e sair dirigindo. Isso é perigoso. Quer beber? Fique em casa. Ou saia com amigos e escolha que um deles vai dirigir e, por isso, não vai consumir bebida alcoólica. Na falta de quem dirija, use táxi ou aplicativos de carona. Não corra riscos desnecessários. Não imponha riscos aos outros.
Consumir bebida alcoólica e dirigir é irresponsável, é ato de agressão ao bom senso e à civilidade. Diga não à essa combinação. Álcool não combina com direção.
(*) Fausto Camilotti é engenheiro civil com pós-graduação em Administração de Empresas e MBA em Gestão de Pessoas pela FGV. É Gestor de Atendimento da CCR MSVia.