EDITORIAL: Se cassar o mandato do vereador Peter Saimon, Câmara de Vereadores dará um tiro no próprio pé

De acordo com informações, a secretária de Assistência Social de Cassilândia, Márcia Azambuja, protocolou na Câmara de Vereadores pedido de cassação do mandato do vereador Peter Saimon (PDT) sob alegação de que foi desrespeitada por ele durante ação do parlamentar que está investigando suposto desvio de finalidade de cartões sociais do governo federal.

Sabe-se também que a secretária registrou Boletim de Ocorrência na Polícia, o que foi copiado pelo prefeito Valdecy Costa (PSDB) ao registrar também contra Peter Saimon outro Boletim de Ocorrência Policial, vereador este que preside a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – do Gramão, que investiga indícios de corrupção na Prefeitura de Cassilândia.

Desde a morte do então prefeito Jair Boni Cogo, no dia 31 de maio de 2022, a realidade é que a gestão municipal perdeu o rumo de vez e a Prefeitura de Cassilândia, antes bem administrada e com as finanças equilibradas, inclusive com dinheiro sobrando no caixa, agora vive com o pires na mão, devendo para um e para outro, já sem a mesma credibilidade de outrora, enfim uma balbúrdia própria de filme pastelão.

Mas só que agora o revés chega à Câmara de Vereadores, presidida por Arthur Barbosa (União Brasil), que, ao lado de seus pares, terá que descascar um enorme abacaxi: o pedido de cassação do mandato do vereador Peter Saimon, que está exercendo justamente uma das funções do parlamentar: fiscalizar a aplicação do dinheiro do contribuinte no âmbito da Prefeitura Municipal e da própria Câmara de Vereadores.

Cabe à secretária e ao prefeito entenderem que não estão lidando com dinheiro particular, mas com recursos públicos que saem dos impostos pagos pelo contribuinte e que é função dos vereadores a devida e rigorosa fiscalização.

Voltando ao abacaxi que a Câmara de Vereadores terá que descascar, caso venha a cassar o mandato do vereador Peter Saimon, com toda certeza, a Casa de Leis estará assinando a sua própria sentença de execração pública, de falta de credibilidade e ausência de compromisso com a população.

Boa parte dos vereadores não vem exercendo o seu papel de fiscalizador dos recursos públicos no município desde o início, com a exceção de três ou quatro, se muito.

O cassilandense e os vereadores não se bicam há algum tempo e a falta de confiança tem marcado cada eleição, senão vejamos: na eleição de 2016 apenas dois vereadores foram reeleitos e nove pegaram o seu banquinho e saíram de mansinho, como diria Raul Gil; e na eleição de 2020 apenas um vereador foi reeleito: o Fião.

A cassação de um vereador que investiga indícios de corrupção na administração municipal seria a desmoralização total do parlamento local e, com certeza, o fracasso eleitoral de quem aprovar esse pedido bizarro, risível e inoportuno, enfim uma desfaçatez sem tamanho – e isso para dizer o mínimo.

Cabe, assim, ao prefeito Valdecy Costa (PSDB) administrar melhor Cassilândia, ser mais zeloso com o cofre municipal, pagar as dívidas que contraiu e acalmar os ânimos.

E cabe também à Câmara de Vereadores legislar, fiscalizar e agir com equilíbrio e tranquilidade.

Punir um vereador porque está fiscalizando possíveis mazelas no âmbito municipal é o fim da picada.

E o povo de Cassilândia merece mais respeito, afinal é ele quem, no final, paga a salgada conta.

CORINO ALVARENGA

CASSILÂNDIA URGENTE

Vereador Peter Saimon (PDT)

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