O estelionato eletrônico foi o delito que teve o maior crescimento em Mato Grosso do Sul, conforme os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira. Os registros na Polícia Civil saltaram 174,8%, subindo de 910 registros em 2021 para 2.524 no ano passado. O assédio pelos meios virtuais é tamanho que a Polícia Civil criou uma cartilha com orientações.
Em números concretos, o estelionato por outros meios foi o delito patrimonial mais registrado, com 13.332 relatos, um acréscimo de 13,8% em relação a 2021. Os roubos (quando há emprego de violência) e furtos a veículos somaram 3.961 ocorrências, com elevação de 15,8%, acima do aumento nacional, que foi de 8%, sendo 457 casos de roubos e os demais foram furtos. Celulares, foram 4.557 situações. No país todo, foram 999.223 relatos de perda de celulares para ladrões.
Pessoas vítimas de ladrões nas ruas foram 3.631 relatos à Polícia Civil, com acréscimo de 0,9% em relação ao ano de 2021. O anuário também trouxe roubos contra o comércio (199 contra 245 em 2021) e residências, sendo 220, 30 a menos que no ano anterior. O Estado ainda contabilizou oito casos de roubos a cargas e nenhum registro de roubo a banco.
Violência contra a pessoa – O anuário inclui uma série de tabelas contra as diferentes formas de violência sofridas pelas pessoas. Foram 515 mortes violentas e 702 tentativas de homicídio contra 591 no ano de 2021. As lesões corporais têm o número mais volumoso relacionado à violência física, com 9.602 episódios, com redução de 6,1%. Tentativas de homicídio foram 702; tendo mulheres como vítimas, foram 212, contra 156 em 2021. E os casos com vítimas mulheres enquadrados como feminicídios, que são os que envolvem relação afetiva, foram 40 mortes e 123 tentativas.
A violência doméstica motivou 3.401 relatos à Polícia Civil, com queda em relação a 2021, quando foram 4.533 casos.
Um aumento que chama a atenção é o delito de racismo, com denúncias que saltaram de 21 para 46 casos, mais que dobrando. Essa é a modalidade de crime em que a pessoa sofre alguma restrição a direitos em razão de raça ou cor, como no transporte, emprego, escola. A injúria racial, que é a ofensa, saiu de 3.008 registros em 2021 para 468 no ano passado.
A discriminação por homofobia aponta nove relatos no Estado; pelo mesmo motivo, houve 28 relatos de violência física, com aumento de 47,4%. Número mais grave é o de mortes relacionadas à homofobia, apontando 5 casos e o Anuário traz ainda 11 estupros por esta motivação.
As ameaças somaram 15.979 ocorrências, com aumento de 4,4% comparadas ao ano anterior; a média nacional foi de aumento de 7,2%. Stalking, que é a perseguição ao vivo ou por outros meios, gerou 1.338 registros, contra 928 no ano anterior. Também houve elevação de episódios de violência psicológica, de 143 para 399 de um ano para outro. O assédio sexual saltou de 58 para 78 casos, 33,2% a mais.
Crianças – O anuário reserva, ainda, um capítulo para apontar os crimes cometidos contra crianças, como abandono de incapaz, que foi distribuído por várias faixas etárias, com mais ocorrências entre os 5 e 9 anos, somando 128 ocorrências. O total de registros de abandono de crianças e adolescentes foi de 367. Maus tratos somaram 1.022 ocorrências, com elevação de 11,6% em relação a 2021.
Chama a atenção a quantidade de ocorrências envolvendo divulgação de conteúdo sexual com crianças e material de pornografia, com 2.191 casos, de longe o maior número de registro no país. São Paulo, por exemplo, somou 1.272 casos. No país todo, foram 6,6 mil registros.
Crimes sexuais – Os estupros registrados no Estado somaram 2.191 ocorrências, com número expressivo de pessoas vulneráveis, que são crianças e adolescentes e pessoas com alguma impossibilidade de oferecer resistência – somando 1.765 casos, sendo 1.501 vítimas do sexo feminino. Dos 426 estupros contra pessoas adultas, 363 foram vítimas do sexo feminino. Conforme o estudo, em nível nacional, dos estupros contra crianças, 71,6% ocorreram no ambiente doméstico, tendo pai ou padrasto como autor (44,4%).
O Anuário foi estruturado com dados repassados pelas Secretarias de Segurança de todo o país, reunindo informações de Polícias Civil e Militar e ainda outras fontes.
Entre os dados reunidos, constam também investimentos em segurança, com Mato Grosso do Sul destinando 8,6% de suas receitas. Desde 2019, os recursos saíram de R$ 1,4 bilhão para R$ 1,99 bilhão. Já Campo Grande subiu o investimento de 1,2% para 1,4% da receita corrente em segurança.
Campo Grande News