Um boletim de ocorrência por ameaça e lesão corporal feito por amigos do jogador Luan Guilherme de Jesus Vieira, 30, do Corinthians, dá detalhes de como foi a invasão ao motel da zona oeste de São Paulo onde o atleta estava. Segundo relato das testemunhas, homens mascarados e armados, que se diziam integrantes de torcida organizada, ameaçaram o jogador de morte.
Luan foi retirado de dentro de um dos quartos do motel Caribe, na Barra Funda, na madrugada de segunda-feira (4).
Os responsáveis pelo registro da ocorrência estavam no momento do ataque e afirmaram que sete homens bateram na porta do quarto já procurando pelo atleta.
‘Vou matar o Luan, vou matar vocês, aqui é da Gaviões’, teria gritado um dos agressores, segundo o boletim de ocorrência. Procurada, a torcida organizada não se posicionou.
Ainda de acordo com o depoimento, um dos homens usava uma touca ninja e portava uma arma, que chegou a apontar na direção das vítimas.
Luan e seus acompanhantes teriam deixado os quartos e seguido até o estacionamento para pedir ajuda, momento em que encontraram outros supostos membros da torcida, que também xingaram e ameaçaram o atleta.
‘Safado, vagabundo, se não sair do Corinthians, vamos te matar’, teria dito o grupo.
Mesmo com os ânimos exaltados, Luan não foi agredido naquele momento, apenas durante a invasão ao quarto, aponta o depoimento –o atleta publicou uma foto de uma bermuda com marcas de sangue. De acordo com as vítimas, durante a confusão foram ouvidos fogos de artifício do lado de fora do motel.
Os agressores fugiram antes da chegada da Polícia Militar.
No relato para os policiais civis de Barueri, na Grande São Paulo, as vítimas ainda contaram ter recebido por aplicativos de mensagem reproduções de postagens no Instagram com uma foto de indivíduos com a frase ‘alvo encontrado com sucesso’.
Os amigos de Luan citaram em depoimento que os homens na foto usavam os mesmos moletons do grupo que os ameaçou.
A foto é a mesma que a Polícia Civil usou como base para identificar sete suspeitos de terem participado do ataque.
As vítimas afirmaram acreditar que um motorista de aplicativo pode ter contribuído para a localização de onde estaria Luan naquela noite. O profissional teria transportado uma das mulheres presentes na festa.
Os dois amigos de Luan que compareceram ao distrito policial afirmaram que, ao se queixarem com os responsáveis do motel por terem permitido a entrada dos torcedores, foram informados que o grupo estava armado, e que, por isso, não foi possível barrar a invasão.
Contratado em 2019 pelo Corinthians por quase R$ 29 milhões, o jogador virou centro de polêmica por causa do alto salário (cerca de R$ 800 mil mensais) e do baixo desempenho. Ele não tem sido utilizado desde o ano passado e chegou a ser emprestado para o Santos, que ficou encarregado de arcar com R$ 100 mil dos vencimentos do atleta, enquanto o clube de Parque São Jorge ficava com o restante.
Em entrevista recente ao podcast do ex-jogador Denílson, Luan disse que estava pronto para jogar e que havia pedido oportunidades para Vítor Pereira (treinador em 2022) e Vanderlei Luxemburgo (o atual), sem ser atendido.
Há meses, Duilio Monteiro Alves tenta achar uma solução para a situação de Luan, mas, afirma ele, o Corinthians não tem dinheiro para pagar a rescisão que o grupo de torcedores tentou nesta madrugada conseguir na base da violência.
BATANEWS/FOLHA/PAULO EDUARDO DIAS