Leandro Coelho, de 30 anos, vive uma nova realidade após ter perdido a visão dos dois olhos no dia 22 de fevereiro. O tatuador foi atingido no rosto por soda cáustica, pela ex-companheira, Sônia Obelar Gregório, de 41 anos, que não aceitava o fim da relação.
Ao telefone, Leandro conta animado à reportagem que tem se apegado a bons momentos, ajuda familiar e à esperança de uma cirurgia que pode amenizar os danos causados pelo produto corrosivo.
De acordo com ele, a médica responsável pelo caso apresentou uma possibilidade cirúrgica para devolver a visão, completa ou parcial do tatuador, Entretanto, o profissional especialista indicado por ela não atende em Campo Grande, apenas em São Paulo. “Ela disse que um transplante de córnea com uma outra cirurgia é uma hipótese de cura e pode me ajudar’.
Durante o processo de cicatrização dos olhos, que durará até três meses, Leandro convive com dores extremas que o impossibilitam até de manter os olhos abertos.
Eu perdi praticamente toda visão, só vejo os vultos, durante o dia quando tem sol eu não consigo nem abrir o olho por causa da claridade. Estava com muitas dores de cabeça, não conseguia nem ficar sentado, tinha que deitar. Existe sim uma possibilidade, não estão dizendo que é 100%, mas é uma luz’, considerou Leandro.
Rotina – Leandro relatou que está se adaptando à nova rotina, isso inclui, segundo ele, não forçar os olhos e se manter positivo para conseguir atravessar a fase complicada. Para isso, o tatuador conta com a ajuda de parentes e familiares próximos, não só para ajudá-lo, mas para fortalecê-lo enquanto a cicatrização dos olhos não acontece. Para ele o sentimento é de ser um incômodo. “Eu só acho que querendo ou não dá trabalho pra amigos, família, tiro eles dos afazeres particulares’.
A música tem sido aliada na nova rotina. Leandro comentou que tem ouvido mais sons durante o período de recuperação. “Tenho muita fé em Deus. Estou ocupando bastante minha mente nesse momento’, disse.
Fila para transplante – O tatuador ainda não está incluído na lista do SNT (Sistema Nacional de Nacional de Transplante) para substituição das córneas. Conforme o profissional, a médica está aguardando a recuperação completa dos olhos para que um novo diagnóstico seja feito e só assim um plano de ação estipulado.
A SES informou ao Campo Grande News que a fila para transplante de córnea é única, ou seja, o paciente é inscrito pela equipe transplantadora e aguardará até que seja convocado para realizar o transplante. Na frente de Leandro, até esta sexta-feira (10), existem 351 pessoas que aguardam pela cirurgia em Mato Grosso do Sul.
A pasta esclareceu que a única coisa que Leandro pode optar é onde o procedimento será feito: pelo SUS (Sistema Único de Saúde), convênios ou particular.
Vaquinha – Ansioso com a recuperação e preocupado em como custear os procedimentos médicos, Leandro e a irmã criaram uma vaquinha virtual no dia 8 de março. Até o momento eles já arrecadaram R$ 13.791,01 dos R$ 30 mil estipulados.
“Vou falar a verdade, a gente fica bem ansioso a respeito de tudo que está acontecendo e na expectativa de que pode voltar tudo ao normal. O sonho é poder ver, fazer o que gosta de fazer, resolver as coisas. Não tem nada melhor. Acho que vou conseguir logo o dinheiro por conta da quantidade de pessoas que se comoveram’, finalizou.
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BATANEWS/MIDIAMAX