Após um ano de ensino remoto, pais de crianças autistas anseiam pela volta às aulas

Mães relatam dificuldades para acompanhar aprendizado dos filhos.

Mães relatam dificuldades para acompanhar aprendizado dos filhos. – Unicef/Divulgação/Agência Brasil

Depois de mais de um ano de ensino remoto, as aulas presenciais devem ser retomadas em breve em Campo Grande. A jornada não foi fácil para os estudantes no geral, mas se mostrou ainda mais difícil para crianças autistas. Junto com os filhos, os pais também enfrentaram desafios e anseiam a volta às aulas. Em Campo Grande, são mais de 800 alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) matriculados na rede municipal.

Mãe de duas crianças e diretora de uma associação para pais de autistas, Carolina Spinola relata a série de desafios na educação inclusiva durante o período de ensino a distância por conta da pandemia. Carolina está à frente da PRODTEA (Pais Responsáveis Organizados pelos Direitos das Pessoas com Transtorno Espectro Autista) e, além da vivência como mãe, recebe relatos de outros pais sobre a dificuldade no ensino.

Carolina percebe que os pais acabaram se tornando professores na rotina dos filhos. Contudo, nem todos têm o conhecimento sobre como ajudar as crianças no aprendizado.

“O que a gente vê com relação ao atendimento educacional é muita gente reclamando na pandemia. As mães não têm conhecimento para ensinar o filho com deficiência. Tem que ter uma técnica”, afirma.

Diretora da associação, Carolina argumenta que os pais deveriam ter sido melhor preparados para lidar com a situação. “É como se um médico me desse uma aula, entregasse o bisturi e mandasse executar cirurgia no meu filho. Eles entregam a apostila, o link e eu, como mãe, tenho que executar o serviço de uma professora”.

A mãe comenta que o filho está no último ano na rede municipal, mas ainda não está alfabetizado. “Se mães não vão atrás, é complicado. Não tem como lecionar com os recursos que dispõem hoje na pandemia”, diz Carolina.

Spinola afirma que se a inclusão já era difícil, na pandemia, se tornou praticamente inexistente. Agora, os pais de crianças com TEA anseiam pelo retorno das aulas presenciais. “A gente torce para que as aulas voltem. Agora que os profissionais da educação foram vacinados, existe uma forma de voltar aos poucos”, ressalta.

Educação inclusiva na escola

Campo Grande tem 867 alunos autistas matriculados da Reme (Rede Municipal de Ensino). De acordo com a Semed (Secretaria Municipal de Educação), os alunos recebem acompanhamento específico por uma equipe técnica, composta por profissionais especialistas para atender alunos com TEA, além dos técnicos da ETAEE (Equipe Técnica de Atendimento Educacional Especializado).

“[Eles] realizam a orientação e acompanhamento às famílias, elaboram o estudo de caso dos alunos e designam os apoios necessários para auxiliar no processo de inclusão do aluno no ambiente escolar”, alega.

Conforme a secretaria municipal, há a participação de profissionais de apoio para auxiliar o professor regente quando há alunos da educação especial. “Esclarecemos que todos os profissionais que atuam no atendimento aos alunos com deficiência recebem formação específica e contínua, sendo acompanhados e orientados”.

Midiamax

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