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Violência! Denúncias de tráfico de pessoas pela internet crescem 152% em 3 anos

Denúncias de tráfico de pessoas pela internet crescem 152% em 3 anos – Divulgação

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No mês onde é relembrado o Dia Mundial, Nacional e Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul relembrou que o canal de Denúncias da SaferNet Brasil, o canal brasileiro para denúncias de crimes cibernéticos contra os direitos humanos, registrou uma intensificação nos registros nos últimos anos.

O canal denuncie.org.br recebeu, de 2022 a 2024, 2.976 denúncias de links com conteúdo suspeito de tráfico de pessoas, sendo 1.194 em 2022, 810 em 2023 e 972 em 2024. A alta é de 152% com relação ao triênio anterior (2019 a 2021), que somou 1.177 denúncias.

As redes, como a de tráfico de pessoas, usam a internet em várias etapas do crime, inclusive em tornar os “serviços” públicos, o controle e a exploração de potenciais vítimas.

Em Mato Grosso do Sul, o Dia Estadual, no dia 30 de julho, foi instituído pela Lei 6.083/2023, mesma lei que também cria a Campanha Coração Azul, realizada na última semana do mês de julho.

O autor da lei, deputado Gerson Claro (PP) classifica o tráfico de pessoas como um crime “silencioso, cruel e bilionário, que destrói vidas e famílias”.

“A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul tem ampliado o compromisso na conscientização e no enfrentamento dessa prática, que infelizmente se modernizou com a internet. Hoje, os aliciadores agem nas redes sociais, disfarçados de ofertantes de oportunidades. Por isso, é fundamental alertar nossa população, principalmente os jovens, sobre os riscos e as armadilhas do ambiente virtual. A Lei Estadual que institui o Dia de Enfrentamento e a Campanha Coração Azul é um marco nessa luta, que exige o envolvimento de toda a sociedade”, alegou o parlamentar.

Denúncias
As denúncias encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) resultaram, apenas no ano de 2024, na remoção de 278 páginas. De 2017 a 2024, a SaferNet Brasil recebeu e processou 5.274 denúncias referentes a 2.246 páginas. Neste período, foram removidas 1.517 páginas com conteúdo relacionado ao tráfico de pessoas.

O novo Painel de Dados sobre Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), lançado no início deste mês, mostrou que as mídias sociais são o principal meio de aliciamento no tráfico de pessoas para fins de exploração sexual (52% dos casos).

No tráfico para fins de trabalho em condições análogas à escravidão, a internet é a segunda estratégia mais usada (26%), ficando atrás apenas do recrutamento por conhecidos ou amigos de amigos (28%).

A defensora pública Thaisa Raquel Defante, coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH) da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DPGE-MS) ressaltou em entrevista que a internet tem características propícias para a atuação criminosa.

“É muito ágil e veloz e do outro lado da tela, pode ter pessoas com vulnerabilidades ou desejos que as tornam vítimas potenciais. Pessoas com alguma fragilidade, anseio. E isso é usado pelos aliciadores”.

“Alguém pode pensar assim: ‘Ah, tenho vontade de trabalhar em outro país, de conhecer outro país, de ser bailarina ou ser jogador de futebol…’ Aí essa pessoa recebe uma proposta de alguém que vai conversando e ganhando a confiança dela”, exemplifica a defensora, completando que, no final deste enredo, a pessoa se dá conta de que se tornou vítima do tráfico.

Thaisa também adverte quanto aos perigos do uso irrestrito do celular por crianças e adolescentes e ressalta atenção ao uso das redes e dos jogos onlines.

“Os pais devem vigiar o conteúdo que está sendo visto. Muitas vezes, você acha que a criança ou adolescente está seguro do seu lado, na sua casa, quando, na verdade, pode estar conversando com um aliciador, com um agenciador, e você nem desconfia disso. E pode acontecer de seu filho apagar a conversa e você nem ficar sabendo. Nós não podemos negligenciar esse cuidado quanto ao uso da internet, pois ela é usada como uma ferramenta para práticas criminosas”, alerta.

Correio do Estado

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