O ex-superintendente da Cultura e professor universitário, Roberto Figueiredo, de 63 anos, lutou com o adolescente, de 17 anos, para tentar se defender de ser assassinado em sua casa nos Altos do São Francisco, em Campo Grande. O crime aconteceu na madrugada desta sexta-feira (13) e o adolescente foi apreendido, enquanto um comparsa, de 22 anos está preso.
Segundo a delegada Daniella Kades, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), o adolescente contou em interrogatório que foi até a casa de Roberto e em determinado momento os dois discutiram por conta de dinheiro. Os dois se conheciam há alguns meses, porém o menor não soube precisar o tempo.
“Parece que a vítima não queria lhe dar algum dinheiro e como ele (adolescente) é usuário de drogas, ele queria dinheiro. E por conta disso brigaram”, explicou a delegada
Durante a briga, o adolescente teria quebrado algo na cabeça da vítima, foi até a cozinha e pegou uma faca, momento em que a briga continuou e o ex-superintendente passou a lutar pela vida. “A vítima chegou a tomar a faca da mão dele, ele está com ferimento na perna causado por faca, até precisou tomar alguns pontos. E depois que a vítima faleceu, ele saiu pegando o que encontrou ali de valor e foi embora da casa”, detalhou Daniella Kades.
Depois de entrar na casa, adolescente demorou cerca de 1h30 para matar ex-superintendente
A delegada ressaltou também que imagens de câmeras de segurança confirmam a versão apresentada pelo adolescente. “Confirma que ele chega, a vítima abre o portão, a porta e eles entram. Cerca de 1 hora e meia depois, o adolescente aparece nas imagens alvoroçado pegando coisas e levando para o carro da vítima. Só que aí ele percebe a câmera, vira, vai lá dentro e desliga. Então, isso confirma tudo que ele apresentou”.
Após o assassinato, assim como informou o Batalhão de Choque em coletiva de imprensa na tarde desta sexta (13), a delegada disse que o adolescente saiu com o Jeep Renegade do ex-superintendente e passou em dois endereços para encontrar com o rapaz, de 22 anos, e uma amiga.
Durante o trajeto, o rapaz teria arrancado a placa do Jeep. O intuito do trio era gastar o dinheiro que havia nos cartões da vítima. “Ele disse que saiu passando o cartão, vendeu o celular a troco de drogas, depois vendeu a televisão”, afirmou a delegada da Deaij.
Agora, com a apreensão do adolescente e prisão do rapaz, os dois devem responder por latrocínio. “Embora a gente possa verificar que quando ele chegou lá, às vezes o intuito não fosse cometer esse crime, conforme ele narra, naquele momento que eles começam a discutir, ele mata e resolve sair roubando tudo. E ele matou a vítima por conta de dinheiro, ele queria dinheiro, então está configurado que é latrocínio”, justificou Daniella Kades.
Por fim, a delegada contou que tem outros dois possíveis envolvidos na ‘gastança’ do dinheiro do ex-superintendente que estão sendo investigados.
Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
Segundo o Tenente-Coronel Rocha, do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) que efetuou a prisão do rapaz de 22 anos e apreensão do adolescente, o menor confessou o crime e se demonstrou frio em seu depoimento. Apesar da dinâmica dos fatos, a polícia não suspeita que o crime tenha sido premeditado.
“Falou de uma maneira muito fria, muito covarde. Ele fala que tinha uma relação com a vítima há cerca de cinco meses. Nesta madrugada, ele estava cobrando R$ 200 da vítima, que se negou a pagar, segundo ele”, explicou o comandante do batalhão.
Após a negativa de Roberto, ele e o adolescente começaram a brigar, momento em que o menor teria pegado um copo de vidro e desferido alguns golpes contra ele. Ainda, o adolescente teria desferido uma facada contra o ex-superintendente.
O adolescente foi apreendido em menos de 10 horas do assassinato, assim como o comparsa, de 22 anos, que conduzia o Jeep Renegade da vítima no momento da abordagem policial. Quando preso, o menor estava com parte da família em uma casa no bairro Caiobá e, segundo o Tenente-Coronel Rocha, os familiares não sabiam do envolvimento dele com o homicídio.
“Todo o conjunto da Polícia Militar trabalhando com esse desfecho de menos de 10 horas localizar o receptador e o autor do homicídio”, ressaltou o comandante do Batalhão de Choque.
Prisão e apreensão
Segundo o registro policial, os militares realizavam diligências em busca do Jeep Renegade da vítima que foi levado pelos criminosos, quando encontraram o mesmo veículo no bairro Aero Rancho.
Com isso, os policiais deram ordem de parada e abordaram o motorista, um rapaz de 22 anos. Na ocasião, o motorista disse que havia recebido o carro de um rapaz e que haviam ingerido bebida alcoólica juntos.
Ele relatou ainda que durante a bebedeira, o rapaz lhe disse que tinha matado um homem e que se deu bem financeiramente, pois estava com o carro, cartões de crédito e notebook do ex-superintendente.
Em seguida, o rapaz teria convidado o suspeito para continuarem ingerindo bebida alcoólica e depois passaram a andar com o veículo por vários bairros da cidade, usando os cartões de crédito. Inclusive, segundo a Polícia Civil, os cartões foram usados em conveniências da Capital.
Logo, o condutor do veículo foi preso. Ao verificar sua identidade no sistema policial, foi constatado pelos militares que ele possui passagens por furto, roubo e violência doméstica.
Em seguida, as diligências continuaram e os policiais realizaram buscas por uma terceira pessoa. Com isso, os militares do Batalhão de Choque chegaram até o bairro Caiobá, onde o adolescente estava escondido. Na ocasião, o adolescente confessou a autoria dos fatos e foi apreendido.
As buscas também contaram com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Assassinato
Informações obtidas pela reportagem do Jornal Midiamax são de que o latrocínio ocorreu na Rua Bárbara de Paula Ribeiro. Assim, a irmã da vítima quem encontrou o corpo de Roberto dentro da casa, já que ela teria o controle do portão da residência.
A vítima estava em meio a uma poça de sangue e com vários ferimentos no crânio. Além do carro, criminosos também levaram uma televisão e um celular.
Abalada, Carla Figueiredo disse ao Midiamax que nesta sexta (13) iria para São Paulo com o professor para um show do cantor Caetano. Ela disse que ligou diversas vezes para Roberto que não atendeu. Como ela mora perto do irmão, foi até o imóvel, abriu o portão e acabou encontrando o ex-superintendente morto dentro de casa. Midiamax