A saúde pública tem apresentado gargalos cada dia mais preocupantes.
Cirurgias vão sendo adiadas, o atendimento está cada dia mais moroso, faltam consultas, exames e atenção, e a população cassilandense está ainda mais doente.
Há um círculo vicioso que até hoje os gestores públicos não conseguiram combater com eficácia ou não tiveram interesse de melhorar esse sistema falimentar.
E onde está esse vício? Está na dependência total do sistema que vira troca de favores e de votos, contrariando a lógica de que a saúde pública é dever do Estado brasileiro e não mera mercadoria de barganha política.
E há um outro vício que se torna uma agravante: na mentalidade dos maus gestores públicos, o investimento em tratamento de água e esgoto ou em limpeza urbana não dá votos, mas sim manter o eleitor no cabresto de uma saúde ineficaz.
E para piorar a situação esse sistema perdulário de saúde gera lucro e mais lucro para os espertos, isto é, os fornecedores intermediários e agentes públicos concursados ou nomeados que ajudam a manipular os números de um sistema que não funciona.
Além de não administrar com eficiência o sistema de saúde, o poder púbico é o primeiro a proporcionar condições para que a população seja cada dia mais dependente, a exemplo da ausência da limpeza urbana, da falta de tratamento do lixo, da água não cuidada de forma adequada e até a não destinação correta do esgoto sanitário.
Numa cidade suja, sem planejamento e completa execução na varrição de ruas e sem recolhimento diário do lixo, o ambiente e a atmosfera são ideais para a proliferação de mosquitos, escorpiões, ratos, baratas e outros animais nocivos à saúde humana.
Para piorar a situação, pessoas inaptas e indicadas por caciques políticos administram mal os recursos que chegam mensalmente de Brasília, o que piora o mau atendimento nos postos de saúde, a ineficácia nos tratamentos, a falta de medicamentos fundamentais e a triste sensação de esperança perdida por causa de um sistema que se tornou uma roleta russa que escolhe quem vive e quem morre.
Sem prevenção adequada e sem comando eficiente, a saúde pública que temos está muito aquém do que precisamos parar viver com alguma dignidade.
É por isso que leigos geralmente comandam as secretarias municipais de saúde, pois a finalidade não é resolver os graves problemas, mas sim manter a velha política do quanto pior, melhor – desde, é claro, que dê votos e muito lucro para o chefe da farândola.
CORINO ALVARENGA
EDITOR DO CASSILÂNDIA URGENTE