As quatro crianças e uma adolescente encontradas ontem abandonadas em casa na cidade de Aquidauana, a 141 km de Campo Grande, passaram o Natal sozinhas e agora estão sob guarda da avó paterna. Testemunhas disseram que gatos e crianças compartilhavam a mesma comida.
A mãe, acusada de abandono de incapazes, prestou esclarecimentos e foi liberada pela polícia. Segundo o Conselho Tutelar da cidade, ela aparecia para ver os filhos e levar alimento a cada dois dias e morava em outro bairro com o novo marido.
O pai das crianças é usuário de drogas e não tem condições de cuidar dos filhos. A mãe dele, entretanto, se responsabilizou pelos netos e assinou termo de compromisso de cuidado até que o caso seja resolvido. Haverá pedido de guarda pela avó, já que a mãe, aparentemente, não pretende ficar com as crianças.
O Conselho Tutelar de Aquidauana informou ainda que pelas informações que receberam, a mãe das crianças está em novo relacionamento e decidiu não levar os filhos para morarem com ela. Eles foram encontradas em casa na Vila Paraíso, em condições degradantes, insalubres e em meio a muita sujeira e comida estragada. O menor, de 2 anos de idade, comia araçá (goiabinha) na tarde de ontem, quando o Conselho chegou ao local.
Já a mãe, de 38 anos, mora no bairro Santa Terezinha, a 3,5 km da casa onde os cinco filhos estavam, e pareceu lidar normalmente com a situação, conforme o Conselho. A Polícia Militar foi acionada e levou a mãe para a delegacia, onde foi ouvida pela delegada de Anastácio, Karolina Souza Pereira, que cobre o recesso da titular de Aquidauana, Isabelle Sentinello.
Além da adolescente de 14 anos e a criança de 2, outros três de 7, 10 e 12 anos viviam na casa na Vila Paraíso. O ambiente era precário, com vários gatos compartilhando o espaço com as crianças e mau cheiro muito forte. O telhado de um dos cômodos estava avariado e havia caído. Além disso, na casa não tinha banheiro.
Em nota, a PM de Aquidauana informou que testemunhas já presenciaram as crianças e os animais (gatos) comendo juntos e confirmaram que ‘a genitora só passava lá para deixar comida e saía em seguida’. Nem a PM nem o Conselho Tutelar liberaram fotos do local até o momento.
BATANEWS/CGNEWS