“Hoje a minha filha tem dois anos e oito meses e ela não sabe quem é o pai dela. Ele nunca veio até aqui perguntar dela. Nunca veio visitar, falar com ela. Nunca deu carinho, nunca!”, revelou a doméstica Sônia Aguirre, de 29 anos, moradora de Paranhos (MS), que batalha para criar a filha oriunda de um relacionamento com o vereador da cidade, Giulliano Delarissa (MDB).
Segundo Sônia, ela teve ‘um caso’ ao longo de 5 anos com o vereador Giulliano e quando ela engravidou, o político rejeitou a paternidade: “Falava que não era dele, falava para todo mundo que não era dele. Então, eu falei para ele fazer um DNA. Ele me abandonou na gestação inteira e eu tinha certeza absoluta de que era dele a criança, porque eu só me relacionava com ele. Eu me posicionei e falei: pode fazer o DNA! Porque eu precisava muito da ajuda dele na minha gestação, porque eu trabalhava de empregada doméstica… foi uma situação muito difícil! Eu tive que bancar minha gravidez inteira sozinha, ele nunca me ajudou. Aí quando a criança nasceu, eu ainda tive que correr atrás dele para ele fazer o DNA, e ele ainda quis se rejeitar de fazer o DNA”, detalhou.
Com o nascimento de Melissa, a doméstica decidiu pressionar o vereador para realização do teste de DNA para afastar as alegações do emedebista. Sônia disse que após ameaçar levar o caso à justiça, o vereador acabou aceitando fazer o teste que provou que ele de fato era pai da menina. “E a partir dali ele falou que iria pagar R$ 500 de pensão e fora disso, falou que iria me ajudar de algo a mais que a Melissa precisasse: se ela ficasse doente, questão de remédios… porque ele sabe da minha condição, e R$ 500 é muito pouco!”, avaliou.
Apesar disso, a mãe diz que o apoio prometido pelo vereador ‘ficou só na promessa mesmo’. Neste mês de agosto, o nome de Melissa circulou em diversos posts nas redes sociais. Um comércio da cidade de Paranhos – MW Conveniência – fez uma rifa solidária no valor de R$ 10 sorteando um kit churrasco para ajudar no tratamento de saúde da menina. Diversos moradores além de colaborarem também apelavam para doações para um tratamento médico da criança.
Sônia ficou emocionada ao relatar essa situação à reportagem do MS Notícias. Ela disse que a filha está fazendo um tratamento médico neurológico na Capital para afastar o quadro de Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Eu tenho que me deslocar daqui até lá e ele não quer ajudar. Eu procuro, corro atrás dele, mas ele se nega, ele não quer ajudar. O custo da saúde dela é realmente caro”, lamentou. A avaliação médica pela qual Melissa está passando custa em torno de R$ 3 mil. “Quando ela tinha 11 meses, ela teve uma convulsão, onde ela estava tomando remédio controlado. Então a neuro exigiu que eu fizesse a avaliação neuropsicológica, para ver se essa convulsão vai ser repetitiva ou não”, esclareceu. Eis uma imagem do exame solicitado:
Apesar de o vereador ter conhecimento sobre o estado de saúde de sua filha, Sônia disse que ele não demonstrou interesse em ajudá-la: “Ele simplesmente acha que o valor que dá [para a pensão], já é suficiente para tratar a filha dele”, completou.
A reportagem teve acesso a conversas entre os pais de Melissa. Sônia explicou que as denúncias de humilhação à ela e abandono a filha, estavam detalhadas em áudios enviados e posteriormente apagados pelo vereador. Eis:
Apesar disso, em mensagens de texto analisadas pela reportagem, o vereador reclamava da vida social de Sônia. Ele também constrangia a mãe de sua filha com algumas mensagens sobre a vida financeira dela. Numa das mensagens, ao ser solicitado à ele R$ 200 para uma consulta médica pediátrica, Giulliano diz que o que dá financeiramente para Melissa, permite ‘ela viver muito bem’. Sônia ironiza: ‘E morreu!’. Eis o diálogo:
Apesar de aceitar fazer a transferência para pagar a consulta da filha, na sequência, o vereador sugere não acreditar que a filha está sendo levada para algum tratamento médico. Eis a mensagem:
O vereador continua reclamando da vida social da mãe de sua filha, dizendo ter justificativa para ‘não pagar mais’. Eis a conversa:
Em continuidade da conversa, Sônia avisa que vai buscar ‘os direitos de sua filha na justiça’ em razão das seguidas humilhações. Giulliano, ao mesmo tempo, questiona se ela recebe Bolsa Família. Eis:
Em seguida, o vereador volta a reclamar da vida social da mãe de sua filha e novamente aponta para o valor que deveria transferir. Eis:
Diante da humilhação, Sônia avisa ao vereador que não será mais necessária a ajuda para a consulta e volta o avisar que acionará a justiça para que o vereador cumpra com seus deveres de pai. Eis:
Continuando o diálogo, o vereador volta a alertar a mãe de sua filha sobre as consequência de acionar a justiça contra ele. E também volta a reclamar da vida social de Sônia. Eis:
Então, o vereador volta a dizer que está disposto a transferir o valor da cosulta e de medicamentos. Ele ainda ironiza: ‘Cuide bem da Melissa. Pra depois não falar que eu não dou a mínima pra ela blz (sic)’. Eis:
Numa outra cosulta pela qual Melissa precisou passar, Giulliano também reclamou de ter que fazer transferências e sugeriu que Sônia pedisse ajuda a uma pessoa com a qual ela estaria namorando. Eis os demais diálogos:
OUTRO LADO Procurado pela reportagem, Giulliano Delarissa, disse que não negou a paternidade de Melissa. Informado que Sônia disse que ele a havia abandonado na gestação, primeiro Giulliano disse que o termo ‘abandono’ não convém e complementou: “Mesmo sem eu saber ou não se a filha seria minha, ajudei com carro abastecido, dinheiro para consultas pré-natal, dinheiro para medicamentos…”, elencou. Sobre a mãe ter sido ajudada por moradores com uma rifa, o vereador argumentou: “Primeiro: que eu nem sabia sobre o tratamento.
Segundo: que fiquei sabendo pela boca dos outros sobre essa tal de rifa”, rebateu, dizendo que na verdade se tratava de um ‘PIX premiado’, não rifa. Giulliano ainda questionou se Sônia havia falado sobre uma ajuda que ele teria dado a ela, para se deslocar à Campo Grande: “Ela relatou que eu forneci o valor para ela ir para a primeira consulta, lá?”. Depois disso, Giulliano reclamou que a reportagem não poderia compartilhar as manifestações de Sônia, as quais ele chamou de ‘fatos inverídicos’.
Pedimos um posicionamento objetivo ao vereador sobre as informações trazidas por Sônia. Ele, no entanto, preferiu encerrar a conversa: ‘Já falei o que tinha para falar. Prefiro, a partir daqui, não me manifestar’, finalizou.
BATANEWS/MSNOTICIAS