A perita criminal Rosângela Monteiro, que atua em São Paulo e ganhou fama ao trabalhar em casos como o de Isabela Nardoni, Gil Rugai e o acidente da TAM, garantiu que o tiro que matou Isabele Ramos, de apenas 14 anos, no condomínio Alphaville I, em Cuiabá, em 12 de julho de 2020, não foi acidental.
Rosângela Monteiro destaca o fato de que B.O.C., assim como toda a família dela, praticavam tiro esportivo. Portanto, na opinião dela, a garota sabia o que estava fazendo. Dessa forma, ela descarta a hipótese de tiro acidental, que foi acatada pela Justiça e culminou na redução da pena e arquivamento do processo, na semana passada.
“Fizemos o teste e não dispara nem com reza braba, a não ser que aperte o gatilho. Foi disparado a 1,44m de altura, olho no olho, por uma menina que sabe mexer com arma. Muita gente acaba disparando por imprudência. Não caracterizou isso ali. Ela sabe manusear uma arma, apontou efetivamente para o rosto da menina e (a arma) estava destravada. Ela destravou’, afirmou Monteiro, em entrevista ao Podcast Crime S/A, nessa quinta-feira (27).
Conforme a perita, é classificado como disparo involuntário quando uma pessoa que não sabe manusear uma arma de fogo e acaba apertando o gatilho ‘no susto’ ou outra situação sem motivo.
“Sabemos o que acontece quando dispara uma arma de fogo, principalmente, uma pessoa que tem contato com isso. Ela é uma atiradora! Ela e a família dela”, afirmou Rosangela.
A perita ainda classificou que B.O.C., hoje com 17 anos, tem “características de psicopata”.
‘Ficou muito clara a postura da menina. Porque aí você vê o comportamento dela e você vai analisar como um todo. Ela mirou e atirou, sabendo de forma consciente o que estava fazendo. Ela tem muitas características de psicopata. Ela pegou essa arma, apontou e disparou. Ela não teve hesitação, ela foi muito eficiente com o nível de habilidade que ela tinha com a arma. Um tiro no rosto é muito pessoal”.
Laudo técnico incluso no inquérito policial aponta que o tiro foi disparado a 1,44m de altura e a apenas 20cm do rosto da menina. De acordo com a Polícia Civil na época, isso comprova que a atiradora estava em postura reta, braço esticado e exatamente de frente para Isabele.
Em sua defesa, B.O.C. afirmou que tentava colocar a arma, uma pistola .380, no case, quando se desequilibrou e a arma disparou ao cair. A hipótese foi descartada pelo laudo técnico.
Em janeiro de 2021, a menor foi condenada a três anos de internação por ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar. A adolescente foi internada no Complexo Menina Moça, anexo ao Pomeri, onde ficou por 17 meses.
No entanto, em junho de 2022, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso determinou sua soltura, após mudar a tipificação do crime para culposo – quando não ha intenção de matar.
Segundo a Justiça, com a mudança da tipificação, ela já concluiu a medida socioeducativo que pesava contra ela. Por causa disso, na semana passada, o processo foi extinto definitivamente. Para Rosângela, a decisão foi injusta.
‘Não acho justo (a pena), porque uma menina dessa idade e com o histórico dela, ela tinha que cumprir uma pena como adulto. Uma menina que dá um tiro deliberadamente na cara da amiga, seja por qualquer motivo, é extremamente covarde, porque domina aquilo e sabe o resultado daquilo e não está nem aí, você faz no banheiro da sua casa’.
BATANEWS/REPóRTERMT