Tomada pelo medo de sofrer nova violência e revoltada com a liberdade do agressor, a família de Victor Alves Mendonça, 24 anos – brutalmente atacado com chave de fenda pelo cunhado e, atualmente, em coma – pede por justiça.
A tentativa de homicídio aconteceu em Costa Rica, na última terça-feira (dia 7). Após o crime, L. P. de A., 29 anos, se apresentou à Polícia Civil, onde foi preso em flagrante e entregou a ferramenta com 20 centímetros, sendo metade de ferro. Porém, no dia seguinte, foi solto na audiência de custódia com ordem de uso de tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar da vítima.
“Ele atacou meu irmão na covardia, com várias perfurações na cabeça. Não tinha como o meu irmão se defender. Ele está no CTI [Centro de Terapia Intensiva] lutando pela vida, o lado direito está paralisado e o agressor foi solto. Como eles soltam uma pessoa com problemas mentais? Está andando normal pelas ruas de Costa Rica”, afirma Rafaela Alves Mendonça, 32 anos, irmã de Victor. O caso causou comoção e passeata na cidade.
Ela mora em Chapadão do Céu (Goiás) e desde a semana passada está ao lado do irmão na Santa Casa de Campo Grande. No aplicativo WhatsApp, a foto mostra as mãos dos irmão entrelaçadas.
“Vim para dar apoio e fazer companhia. Na hora que acordar, ele vai ver que não está sozinho. Minha mão segura a dele”, diz Rafaela. A mãe deles vai passar por cirurgia para tratamento de câncer, enquanto a esposa de Victor está abalada emocionalmente.
A família vai pedir que a medida protetiva seja ampliada para todos, determinando que o autor, marido da irmã de Rafaela e Victor, não se aproxime de mais ninguém do núcleo familiar. Eles se preocupam com a possibilidade de nova violência.
“A Justiça é muito falha, se o Ministério Público não resolver nada, vamos juntar e pagar advogado. Não pode ficar assim”, relata. Rafaela relata que o cunhado afastou a irmã da família e se gabava de que poderia cometer crime sem ser preso. De acordo com ela, o áudio foi encaminhado à polícia.
Processo – Primeiro, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) se manifestou para que Lusmar Paula de Andrade permanecesse preso.
“A violência e a crueldade com que o autuado agrediu a vítima, desferindo incontáveis golpes no rosto e pescoço desta, só cessando ao perceber que Vitor já não esboçava qualquer tipo de reação, denotam a necessidade do resguardo da ordem pública, mediante a decretação da prisão preventiva”, afirmou a promotora Fernanda Proença de Azambuja, atuando em substituição legal.
No curso da audiência de custódia, o promotor Matheus Macedo Cartapatti (em substituição legal) postulou pela homologação do auto de prisão em flagrante e consequente concessão da liberdade provisória cumulada com medidas cautelares diversas.
Aparentemente, o preso é portador de transtorno psíquico. Para o juiz Francisco Soliman, apesar de o delito em investigação admitir a prisão preventiva e estarem presentes pressupostos – prova da materialidade, indícios de autoria e necessidade de garantir a ordem pública-, o entendimento é de que a situação não exige a decretação da medida cautelar extrema.
“Sendo possível a utilização de providências diversas, menos restritivas, porém igualmente eficientes”, informa a decisão. O magistrado determinou que o autor mantenha distância de 300 metros da vítima e de sua residência, proibição de se ausentar de Costa Rica sem ordem judicial e monitoração eletrônica pelo prazo de três meses.
A defesa de Lusmar informou que respeita o trabalho da imprensa, mas não vai se manifestar sobre o caso.
Por Aline dos Santos – CAMPO GRANDE NEWS