Um misto de humilhação e vergonha. Assim a professora aposentada Olenir Antonia da Silva Cunha, de 56 anos, descreve os momentos de desespero que viveu nesta tarde (06), no CRS (Centro Regional de Saúde) do Bairro Tiradentes. Depois de questionar um médico sobre o porquê ele deu alta para a sua mãe, de 92 anos, que aguardava transferência desde ontem (05) ela diz ter sido ofendida, diante de toda a unidade médica enquanto o homem partia para cima dela. A confusão virou caso de polícia.
Olenir conta que a mãe precisou ser internada na manhã desta quinta-feira (05), depois de passar mal em casa. “Fui primeiro no posto perto de casa e em seguida eles me mandaram levá-la urgentemente para o posto. Lá, os médicos disseram que ela teve uma isquemia cerebral e desde então nós estávamos aguardando a transferência dela para o hospital”, conta.
Nesta tarde, no entanto, um enfermeiro foi até ela e informou que o médico de plantão havia acabado de dar alta para a sua mãe. Segundo a aposentada a justificativa dada inicialmente pelo médico era de que a idosa estava apenas desidratada, mesmo depois dela ter passado a noite inteira tomando soro.
“Todos os outros médicos haviam apontado o diagnóstico de isquemia da minha mãe. Eu pedi para o enfermeiro chamar ele para ele me explicar o porque estava dando alta para ela, mas o médico mandou que eu fosse até a sala dele”, completa.
Quando Olenir chegou na sala do médico e questionou o profissional, ele teria se exaltado. “Porque quem manda aqui sou eu. Os outros médicos não sabem de nada”, teria repetido o profissional aos gritos. “Ele bateu as duas mãos na mesa, derrubou tudo no chão e pediu para enfermeira trancar a porta. Em seguida ele colocou as duas mãos para trás e veio jogando o corpo para cima de mim, me encurralando contra a parede”, relata.
A professora aposentada conta que em determinado momento, conseguiu abrir a porta, mas as ofensas continuaram. O médico teria ido atrás dela pelos corredores do posto de saúde. “Eu comecei a gritar perguntando se eles iam deixar ele me bater. Foi quando dois guardas e alguns enfermeiros conseguiram segurar o médico”, completa.
O médico ainda teria partido para cima do esposo da aposentada, que foi até o local no meio da confusão. A Polícia Militar também foi acionada pelo próprio médico e encaminhou os envolvidos para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) do Cepol. Ao chegar na delegacia, entretanto, o médico foi embora por orientação de um advogado, sem prestar queixa.
Olenir conta que teve de levar a mãe de volta para casa e teme que o quadro clínico da idosa, se agrave. A situação deixou a aposentada traumatizada. “Nunca passei por um constrangimento tão grande quanto esse. Me senti com muita vergonha, todo mundo ficou olhando”, diz aos prantos.
Sesau – Procurada pela reportagem a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que vai procurar a unidade de saúde e abrir um procedimento administrativo e sindicância para apurar a conduta do profissional quanto ao atendimento. “Essa situação vai ser verificada para proceder com eventual punição”, informou o órgão, via assessoria de imprensa.
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